Começa nesta quarta-feira, oficialmente, a safra da tainha no Sul e Sudeste do país. O peixe, um dos mais aclamados nas mesas do Litoral, tem a pesca limitada até 31 de julho e um disputado período de capturas. Este ano, as temperaturas elevadas dos últimos dias, aliadas ao atraso na liberação de parte das licenças da frota industrial, diminuem as possibilidades de captura imediata.

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Confira galeria de fotos com a preparação para a pesca em Itajaí

Se a previsão se confirmar, o consumidor deve demorar mais algumas semanas para encontrar tainha a preços baixos no mercado. Terça-feira, embarcações se preparavam para sair para o mar ao longo do Itajaí-Açu, em Itajaí. Os pescadores arrumavam as redes, mas nem todos os armadores conseguiram a autorização para a pesca a tempo.

Roberto Wahrlich, assessor técnico do Sindicato dos Armadores e da Indústria da Pesca (Sindipi), diz que 39 das 60 licenças previstas para embarcações da frota industrial haviam sido liberadas até terça-feira à tarde. A maioria dos barcos que fazem captura na modalidade de cerco, usada para pesca da tainha, é de SC ou opera por aqui.

– A produção da tainha tem altos e baixos, nunca se sabe como vai ser. Mas a tendência é que dificilmente chegue ao que era no passado – diz Wahrlich.

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Os armadores queixam-se das limitações impostas à pesca nos últimos anos, que incluem a redução no número de embarcações autorizadas – de 115 em 2009 para 60 em 2013 – e a proibição de captura em áreas inferiores a 10 milhas de distância da costa. As medidas foram tomadas para proteger a espécie, que é alvo da pesca no momento em que migra em busca de águas mais quentes para reproduzir.

– Não é bom para a indústria, mas é um elemento que minimiza os conflitos entre a pesca artesanal e a industrial. A distância de 10 milhas é considerável, cria um corredor em que nenhuma das modalidades consegue capturar a tainha, e isso é importante porque garante a sobrevivência da espécie – diz Paulo Ricardo Schwingel, doutor em Ciências Naturais e pesquisador do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP).

Monitoramento

Na opinião dos armadores, porém, faltam estudos em relação ao estoque de tainha no mar. Wahrlich, do Sindipi, defende monitoramentos para uma possível flexibilização das regras.

– Hoje as medidas são baseadas na precaução – afirma.

Estudos mostram que criadouros não conseguem repor estoques

Para o pesquisador do GEP, Paulo Ricardo Schwingel, o monitoramento dos estoques de tainha são prejudicados pela necessidade de estabelecer parcerias, já que os cardumes só passam por aqui dois meses por ano.

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Recentemente, uma pesquisa feita em conjunto com a Universidade de Rio Grande (RS) confirmou que a área de reprodução fica entre Itajaí e Paranaguá (PR), e que há dois criadouros da tainha, na Lagoa dos Patos e no Rio da Prata, entre Uruguai e Argentina. Mas também alertou para a falta de recomposição da espécie.

– Encontramos nesta última década redução de recrutamento, que é o ingresso de novos indivíduos. Tem se observado, em estudos temáticos, que tem diminuído. A lagoa não está conseguindo repor o que pescamos – alerta.

Segundo ele, será necessário acompanhar a evolução da espécie para, se necessário, definir novas regras ao setor pesqueiro:

– Devemos monitorar bastante de perto e, havendo uma sequencia de anos ruins, repensar o modelo de gestão de recursos.

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Safra da tainha em SC (em toneladas)

2008 – 2.038

2009 – 4.121

2010 – 3.313

2011 – 3.046

2012 – 1.513