
Desde 2000 não se registrava uma captura tão baixa. Dados do Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira em Santa Catarina, coordenado pela Univali, marcavam até ontem resultados parciais de 10 mil toneladas capturadas. Agnaldo Hilton dos Santos, coordenador da Câmara do Cerco (barcos especializados em sardinha) no Sindicato dos Armadores e da Indústria da Pesca (Sindipi), diz que a expectativa é fechar a safra com 13 mil toneladas.
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Bem menos do que os registros de 2012, por exemplo, quando a peca da sardinha atingiu quase 100 mil toneladas no Sudeste e Sul do país.
Para o pesquisador Paulo Ricardo Schwingel, do Grupo de Estudos Pesqueiros da Univali (GEP), há indicadores que mostram que as mudanças climáticas interferem na temperatura da água do mar e podem ter provocado uma mudança no comportamento das sardinhas _ inclusive no período reprodutivo. Prova disso é que, pela primeira vez, foram encontradas sardinhas na costa do Rio Grande do Sul e em águas mais profundas que o normal.
Gestão é problema
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As mudanças de comportamento da sardinha poderiam ser identificadas se houvesse gestão adequada do pescado. Depois da safra desastrosa de 2000, pesquisadores convenceram o governo em aumentar o período de defeso, que na época passou para seis meses. Anos depois, a medida resultaria em recordes de produção.
Mas desde 2011 o defeso não é revisado _ o Comitê Permanente de Gestão (CPG) coordenado pelo governo federal que é responsável pela sardinha, em Brasília, não se reúne desde fevereiro. Órgãos internacionais de gestão pesqueira recomendam reavaliações a cada 3 a 5 anos.