Nascido na região de Casamansa, em Senegal, Sadio Mané se transformou no líder que levou a seleção de seu país à conquista da Copa Africana de Nações (CAN) em 2021 e agora mira objetivos maiores no Mundial no Catar. A Seleção Senegalesa está no grupo A e faz o jogo de estreia na Copa do Mundo contra a Holanda, no dia 21 de novembro.

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O jogador, que era conhecido no início de sua carreira como ‘Ballonbuwa’ (o mago da bola), entrou para a história de seu país ao levar os ‘Leões da Teranga’ à conquista do seu primeiro título na CAN, após uma emocionante disputa de pênaltis na final contra o Egito.

Não satisfeito com o resultado, liderou seu time a mais uma vitória decisiva contra os mesmos “Faraós”, nas eliminatórias para a Copa do Mundo. 

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Essa temporada mágica lhe rendeu o segundo lugar no Bola de Ouro, a melhor classificação para um senegalês até então, e motiva o atacante de 30 anos a aprimorar o histórico de seu país na competição, que chegou às quartas de final na edição de 2002.

Carreira cheia de obstáculos

Em 2017, Mané perdeu um pênalti contra Camarões, que viria a ser campeão, nas quartas de final da CAN, o que causou revolta entre torcedores senegaleses, que jogaram pedras em seu carro e em sua casa em Dacar.

Tempos depois, o jogador foi criticado por não ter correspondido às expectativas na Copa de 2018, tendo marcado apenas um gol e, no ano seguinte, pela atuação sem brilho na derrota para a Argélia naquela edição do campeonato africano.

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Mas esses obstáculos não impediram o desejo do ‘Mago da bola’ de conquistar a Europa e seu país natal.

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— No lugar onde nasci, para se tornar um jogador de futebol você tem que sacrificar tudo — diz o camisa 10 no documentário “Sadio Mané, feito em Senegal”, da Rakuten TV.

Durante a infância, o senegalês viveu momentos difíceis, como a morte de seu pai quando ele tinha sete anos de idade, mas o amor pelo futebol e o sonho de se tornar um jogador sempre falaram mais alto.

Inspirados pelas imagens da épica classificação às quartas de final da Copa de 2002, após derrotarem por 1 a 0 a então campeã França, Mané e seus amigos jogavam futebol em campos de terra batida, muitas vezes sem uma uma bola, o que os obrigava a improvisar com toranjas.

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“Uma longa viagem” 

Quando adolescente, ele fugiu de casa para tentar a chance em uma peneira em Dacar.

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— Foi realmente uma longa viagem — recorda sobre o momento, confessando que atravessou a fronteira com a Gâmbia sem carteira de identidade, apenas com os seus documentos de estudante.

— Quando voltei para a cidade foi o pior dia da minha vida, odiei minha família. Disse ‘ok’ para estudar mais um ano e nada mais, e eles respeitaram minha decisão —, conta Mané, continuando sua história. — Agora acabou, é futebol, futebol, futebol — acrescentou.

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Sua promessa foi cumprida quando o jovem ingressou na escola Génération Foot e em sua primeira partida marcou quatro gols. — Acho que eles ficaram impressionados — ressaltou.

Não demorou muito para que o prodígio assinasse com o Metz, da França, em 2011. Mas sua chegada à Europa não seria livre de problemas. Ele desembarcou no país com uma forte pubalgia e optou por não comunicar ao seu novo clube com medo de que o mandassem de volta para Senegal.

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— Eu chorava muito no vestiário (…) Vai ser difícil realizar o meu sonho com esta lesão, pode ser o fim da minha carreira — confessou Mané.

Oito meses depois, o jogador estava recuperado e pôde dar início a uma impressionante jornada na Europa que posteriormente iria sacudir o Liverpool de Jurgen Klopp.

Mas aquele menino, hoje craque do futebol mundial, não esqueceu de sua terra natal, onde construiu uma escola e um hospital. Este envolvimento foi reconhecido com o Prêmio Sócrates durante a última edição do Bola de Ouro, modalidade atribuída a profissionais do futebol comprometidos com causas sociais.

— Ele é generoso. Investe em seu país, cria empregos, tem um grande coração — explica Aliou Cissé, técnico da seleção senegalesa.  

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* Reportagem de Emmanuel Barranguet

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