Já estamos falando há um certo tempo sobre a preocupação da ascensão, aqui no Brasil, das arboviroses, que são doenças transmitida, por exemplo, pelos mosquitos. E a febre Oropouche está nos trazendo ingratas surpresas. A começar pelo óbito descrito, pela primeira vez na literatura mundial, que foi registrado em 2024 no Brasil.

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De lá para cá já foram quatro mortes. A quarta ocorreu no Espírito Santo. A vítima era uma mulher de 61 anos que morreu no dia 28 setembro, cerca de 24 horas após o início dos primeiros sintomas e 11 horas depois de dar entrada no Pronto Atendimento.

Para nós, infectologistas, é assustador estar diante de mais uma arbovirose com capacidade endêmica causando mortes, sem termos um tratamento específico. Em três casos de morte, inclusive por febre Oropouche, o desfecho para o óbito, foi muito rápido.

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Para entendermos melhor, a doença é uma arbovirose causada por um vírus (Orthobunyavirus oropoucheense), transmitido pela picada do mosquito (Culicoides paraenses), conhecido como pólvora ou maruim. Os sintomas da doença são parecidos com a dengue e chikungunya, e incluem: febre de início súbito, dor de cabeça, tonturas, dor muscular e articular. Aliás, foi exatamente estes sintomas que um paciente meu sentia aqui em Blumenau que foi um dos tantos confirmados do Estado.

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Um dado importante do quadro evolutivo da doença é que 60% dos pacientes podem apresentar após uma a duas semanas do início do quadro, os mesmos sintomas relatados, o que a difere da dengue e chikungunya, por exemplo.  A doença é, geralmente, benigna e sem gravidade, mas tivemos além das quatro mortes registradas no Brasil também relatos de transmissão vertical, que ocorre pela passagem do vírus da mãe para o feto durante a gestação, causando microcefalia nos recém-nascidos.

De acordo com Ministério da Saúde, eram 7.044 casos da doença confirmados no Brasil até o início do segundo semestre. Sem contar os casos não confirmados, ou até mesmo não diagnosticados. Em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica e do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-SC), alerta que o estado já possui 179 casos de Febre do Oropouche. Os primeiros casos de SC foram confirmados no final do mês de abril.

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E agora? Como vamos nos proteger?

A primeira resposta é: controlando o mosquito vetor da febre Oropouche, fazendo a limpeza dos quintais e áreas de criação de animais, com a eliminação de matéria orgânica do solo, que é onde o maruim permanece, fazer a vedação de caixas de água e outros recipientes que acumulam água, fazer a limpeza de quintal e calhas. Descartar o lixo em sacolas fechadas e locais adequados, evitando o acúmulo de matérias orgânicas expostas, onde o mosquitinho costuma se proliferar.

Evite locais de mata e beiras de rios, principalmente nos horários de maior atividade do vetor – entre 9 horas e 16 horas – além disso, para os indivíduos suspeitos de febre Oropouche, recomenda-se o uso de medidas de proteção individual – uso de repelente e mosquiteiros –, evitando a transmissão vetorial.

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Infelizmente não possuímos em tratamento específico para febre Oropouche, mas, podemos fazer a nossa parte na prevenção, antes que tenhamos uma infestação de febre Oropouche como já temos vivido com a dengue aqui em nosso Estado.

Casos de febre Oropouche até dezembro em SC. Fonte: Dive-SC