O caso recente da jovem de 31 anos, que morreu após realizar uma hidrolipo em São Paulo, me fez questionar o fato: como uma jovem, previamente saudável, sem nenhum problema de saúde, morre em um procedimento estético simples? E me deparei com uma resposta direta: todo procedimento tem seu risco.
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Explico de forma detalhada:
Primeiramente, é importante mencionar que nós, brasileiros, estamos em segundo lugar no ranking dos países que mais realizam procedimentos estéticos, atrás apenas dos Estados Unidos. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), inclusive, aponta que, somente em 2023, a busca pela medicina estética passou dos 2 milhões de procedimentos. Então, se somos o segundo país que mais faz cirurgia plástica, também somos os que mais apresentam complicações. Do ponto de vista matemático é algo diretamente proporcional. E de fato é.
Mas como minimizar a probabilidade do risco de uma cirurgia plástica?
Conversei com o meu colega o Dr. Guilherme Schmitt cirurgião plástico, pela Universidade de São Paulo (USP), membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), e da American Society of Plastic Surgeons (ASPS), para encontrar uma resposta para minimizar os riscos de uma cirurgia plástica e ele me deu algumas dicas.
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Cirurgião qualificado, exames, lista de dúvidas
Primeiramente: escolha de um cirurgião qualificado. Certifique-se de que o cirurgião é certificado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Faça uma avaliação pré-operatória para discutir expectativas, o procedimento, e possíveis riscos. Traga uma lista de perguntas e dúvidas. Faça todos os exames médicos recomendados, como exames de sangue, eletrocardiograma e avaliações específicas para condições pré-existentes. Informe ao cirurgião sobre seu histórico médico completo, incluindo alergias, condições de saúde crônicas e medicações em uso.
Não fume e cuide com medicações
No passo da preparação para a cirurgia, as principais dicas são: pare de fumar. Se você fuma, é essencial parar, pois o tabagismo pode complicar a anestesia e a cicatrização. Siga as orientações do seu médico sobre a interrupção do uso de certas medicações ou suplementos que podem aumentar o risco de sangramento
Local preparado e qualificado
Para o procedimento, certifique-se de que a cirurgia será realizada em uma instalação acreditada e equipada para emergências. Além do cirurgião, a presença de uma equipe médica qualificada, incluindo um anestesista experiente, é fundamental. Siga rigorosamente todas as instruções pós-operatórias fornecidas pelo seu cirurgião. Agende consultas de acompanhamento para que o cirurgião monitore seu progresso e intervenha rapidamente em caso de complicações. Esteja atento a sinais de infecção ou complicações, como febre, dor excessiva ou sangramento, e entre em contato com seu médico imediatamente se ocorrerem.
São tantos, os casos de pacientes que fazem procedimentos estéticos com profissionais não habilitados, por serem mais “baratos”, que hoje fica difícil inclusive a notificação de efeitos adversos. Infelizmente, a cada dia mais, a beleza é mais importante que a saúde. O ser “bela e aceita” ultrapassa os limites do que a boa prática médica defende: saúde em primeiro lugar.
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Isso, não vai mudar tão cedo.
Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.