As arboviroses estão em alta, e a cada vez mais você vai ler sobre o assunto. Cito aqui as mais conhecidas: Dengue, Chikungunya, Zika vírus, febre Oropouche, e agora, a febre amarela. O assunto de hoje é este, pois recentemente, a secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou o registro do primeiro caso de febre amarela este ano, em um homem de 27 anos de São Paulo. Ele esteve na cidade de Socorro, em uma chácara na área rural, onde também houve notificação recente de um caso da doença em macaco.
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Para entender um pouco melhor como ocorreu este primeiro caso do ano, o Instituto Adolfo Lutz confirmou, 9 casos da doença em macacos na região de São Paulo, sendo 4 macacos encontrados mortos, no campus da USP. Lembrando que, embora macacos doentes não transmitam a doença, eles indicam a circulação do vírus da febre amarela naquele local, e o paciente em questão, esteve em um local de circulação viral. A febre amarela silvestre apresenta maior incidência entre os meses de dezembro e maio, período com maior índice de chuvas, o que aumenta a proliferação do mosquito vetor da doença.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida por mosquitos, e possui dois ciclos de transmissão: urbano e silvestre. No ciclo urbano, a transmissão é através da picada do mosquito Aedes Aegypti, já no ciclo silvestre, os transmissores são os mosquitos do gênero Haemagogus o mais prevalente.
Os sintomas iniciais da febre amarela são: início súbito de febre alta; dor de cabeça intensa; dores no corpo; náuseas e vômitos; fadiga. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença, neste caso a doença pode ter um comportamento de evolução rápida, com elevada letalidade nas suas formas graves chegando a 40%.
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A OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde No Brasil), fez uma atualização epidemiológica em novembro de 2024, sobre a situação da febre amarela em humanos. Em 2024 foram confirmados 3 casos de febre amarela. O primeiro caso foi um homem de 63 anos, residente em Presidente Figueiredo, estado do Amazonas, sem histórico de vacinação contra febre amarela, que desenvolveu sintomas em 5 de fevereiro de 2024 e faleceu 5 dias depois.
O segundo caso foi um homem de 50 anos, sem histórico de vacinação contra febre amarela, residente em Águas de Lindóia, estado de São Paulo, e com local provável de infecção em Monte Sião, estado de Minas Gerais, que iniciou os sintomas em 23 de março de 2024, e faleceu cinco dias depois. O terceiro caso é um homem de 28 anos, com histórico de vacinação contra febre amarela em 2017, no município de Serra Negra, estado de São Paulo, que iniciou os sintomas em 1 de abril de 2024 e se recuperou da doença. Todos os casos tinham histórico de exposição em áreas silvestres e/ou florestais.
A série histórica do ano de 2024 é clara: a forma mais eficaz de prevenção que é a vacinação. De acordo com o calendário nacional de vacinação, a imunização inicia-se com 9 meses, seguida da segunda dose com 4 anos. Caso a pessoa tenha recebido apenas uma dose da vacina da febre amarela antes de completar 5 anos, deverá receber uma dose adicional, independentemente da idade. Além disso, pessoas que estão em zonas de risco são avaliadas quanto a doses de reforço. Perceba que nos casos acima os óbitos foram confirmados em não vacinados.
Em 2025, infelizmente, teremos um grande salto de casos de arboviroses no Brasil, aqui em Santa Catarina não será diferente, nós estamos passando por um verão quente e chuvoso, um excelente meio de procriação de mosquitos. Além disso estamos vivendo uma catástrofe climática, com queimadas em zonas da mata, e as queimadas fazem um êxodo de animais silvestres para zonas urbanas. Os macacos por sua vez, podem circular na zona urbana e serem um meio vetorial da febre amarela. Lembrando que o macaco não transmite febre amarela para nós seres humanos, mas o mosquito Aedes Aegypti, pode picar o macaco, se infectar com a doença e transmitir para nós, seres humanos.
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Entendem agora como é grave a situação das arboviroses?
Vacinem-se.
Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.
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