Calma, eu sei que quando você lê “vírus novo detectado na China” já sente um frio na barriga, um desconforto e até mesmo uma sensação de estar de saco cheio desta conversa. Sim, é normal, afinal de contas, faz cinco anos que tivemos uma pandemia que surgiu de um vírus por lá, que até hoje nos assusta e nos trouxe consequências inimagináveis. Mas o metapneumovírus já é um velho conhecido entre a comunidade médica, e, por isso, já sabemos como lidar com ele.
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O que está acontecendo na China é um surto de um vírus já conhecido entre nós e que circula no Brasil desde 2004: o metapneumovírus, que é um vírus respiratório que pertence a uma família bem caracterizada por causar infecções respiratórias — assim como o vírus sincicial respiratório, que é da mesma família do metapneumovírus e, inclusive, é a causa mais comum de internações de crianças com quadro de bronquite e bronquiolite no inverno.
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O metapneumovírus humano, assim como o vírus sincicial respiratório, causa sintomas relativamente leves, como tosse, febre, congestão nasal e dificuldade respiratória. Os casos de maior gravidade podem causar pneumonia, especialmente em crianças, idosos ou pessoas com comorbidades. O vírus se espalha através de gotículas, contato próximo ou superfícies contaminadas, assim como qualquer vírus respiratório. Atualmente, não existe terapia antiviral específica para tratar o metapneumovírus, nem vacina para prevenir a doença.
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Na China, foi identificado um surto de metapneumovírus, principalmente em crianças, que é o grupo mais vulnerável a esta doença. Como a transmissão é respiratória e a China está em pleno inverno, é natural que vírus respiratórios causem surtos locais. Assim como aqui no Brasil nos meses mais frios temos surtos de influenza.
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Mas por que não há motivo para pânico sobre uma nova pandemia por metapneumovírus humano? A resposta é simples. Como o vírus já é mundialmente conhecido e muitos de nós já tivemos contato alguma vez em nossas vidas, nós apresentamos uma certa imunidade natural contra ele. Isso é diferente da Covid-19, que era um vírus completamente novo em seres humanos, desconhecido e ainda mais: sem imunidade pré-existente, o que facilitou sua propagação pandêmica. Por este motivo, é que o metapneumovírus humano, não terá o mesmo comportamento mundial com capacidade de se transformar em uma pandemia.
Sem pânico.
Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.