É absolutamente compreensível que em pleno auge do verão ocorra um aumento de casos de gastroenterites virais. Vou explicar o porquê.
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Primeiramente é preciso saber que o termo “virose”, popularmente conhecido, é toda doença causada por um vírus. É isso o que diz a ciência. Por isso o termo correto a ser dito neste momento é que estamos com um surto de gastroenterite, que é uma inflamação do trato gastrointestinal que pode ser causada por vírus, bactérias, protozoários, dentre outros microrganismos.
Estamos com aumento de número de casos no litoral brasileiro. Aqui em Santa Catarina, na primeira semana de janeiro de 2025, os atendimentos por doenças diarreicas, principalmente em Florianópolis, Balneário Camboriú e Itapema, já são maiores do que a série histórica.
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Este fato acontece devido à explosão de turistas nesta época do ano em nosso litoral. Com isso, hotéis ficam lotados, praias, bares e restaurantes, também. Ótimo para o turismo, ruim para saúde pública. Postos de saúde, pronto atendimentos e hospitais também atendem uma demanda infinitamente maior nesta época do ano, ocorrendo a sobrecarga. Bom, se eu tenho mais pessoas circulando, o saneamento básico é prejudicado, as águas do mar e rios são contaminadas com fezes humanas.
A gastroenterite, por sua vez, ocorre através do contato ou ingestão de pequenas quantidades de água de rio ou do mar contaminada com fezes humanas, ou devido à má higiene, já que a transmissão é fecal-oral. Vou citar um exemplo: se você for ao banheiro e não higienizar suas mãos, e após isso, manusear alimentos, você acabou de contaminar o alimento preparado. Outro exemplo é o gelo: como a água pode estar contaminada, se você tomar bebidas com gelo, também está em risco de ter uma gastroenterite. Ao entrar em água imprópria para banho, você tem alto risco de ter uma doença diarreica.
Então vamos as principais orientações de cuidados neste momento: ingira água fervida ou mineral; evite frutos do mar crus, carnes mal passadas, especialmente sem saber a procedência; ao levar alimentos para a praia, cuidar da higiene e manter a refrigeração adequada; não consumir sucos, refrigerantes e bebidas alcoólicas com gelo; jamais consumir alimentos fora do prazo de validade, mesmo que aparência seja normal; higienizar as mãos com frequência, especialmente ao utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular e preparar os alimentos, amamentar e tocar em animais; não entrar no mar ou rios impróprios para banho.
Resumindo: verão, aglomeração, filas para qualquer situação, má higiene da população, urinar e defecar no mar e rios, alimentar-se de comidas de procedência duvidosa, alimentos crus e mal cozidos, o péssimo hábito de não lavar as mãos após ir ao banheiro reflete o cenário atual: surto de gastroenterite e sistema de saúde saturado. É o preço que pagamos pelo turismo em nosso belo litoral.
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