Tive muitos professores. Para exercer minha profissão hoje, só na área médica, estudei 11 anos. Quantos mestres eu tive, quanta oportunidade, mas percebo que pouco agradeci. Sou professora universitária graças a todos eles, especialmente ao Dr, Fabiano Ramos e à Dra. Maria Helena Pitombeira Rigatto que me ensinaram não somente sobre a Infectologia, mas sobre humanidade, sobre empatia.
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Uma imensa e grata responsabilidade.
Mas nem só de elogios e agradecimentos vivem os professores no Brasil. Vamos direto ao ponto: a docência brasileira, sabidamente, tem salários abaixo da média. Os salários dos professores do Ensino Fundamental no Brasil, por exemplo são em média, de US$ 23.018 por ano (equivalente a cerca de R$ 128 mil). O valor é praticamente metade (47% abaixo) dos US$ 43.058 (em torno de R$ 237 mil) anuais pagos pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
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Se vamos comparar com os docentes da Alemanha, o salário deles é de US$ 85.731,98 anuais (R$ 478.348 mil). E por falar na Alemanha, se vamos comparar a infraestrutura e condições de trabalho, teremos muito a lamentar. Aqui não está em discussão salários de professores pesquisadores, pois estes sim, exercem sua profissão por amor.
Pode-se dizer que, na docência, contratos temporários proliferam, salas superlotadas são a regra e recursos para pesquisa minguam. Até quando o sistema educacional vai ser sustentado com o altruísmo e benevolência dos professores, não sabemos. Fato é que é necessário urgência na valorização destes profissionais, que formam diariamente crianças para encarar o mundo. Em contrapartida, sempre haverá aqueles que vão dizer: “Ah, mas eles têm duas férias por ano”, “eles fazem greve todo ano”. O erro nesta leitura de pensamento de uma classe, não corresponde à realidade vivenciada pela maioria dos profissionais que em um percentual esmagador utiliza o seu tempo vago para pensar, corrigir e aperfeiçoar suas técnicas de ensino para poder entregar à sociedade a formação de pessoas com intelecto.
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Já repararam na precariedade que alguns destes docentes enfrentam diariamente para exercer sua profissão? Salas de aula sem ventilação, sem estrutura mínima adequada, falta de material didático em alguns locais do Brasil, e não somente em educação básica, mas de universidades também. Pergunte a algum professor que você conheça se ele está satisfeito com seu salário e com as condições de trabalho. Se ele responder a você que sim, está satisfeito, ele faz parte de um número pequeno de sua classe.
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A todos os professores que estão lendo esta coluna, quero dirigir uma mensagem pessoal: seu trabalho é inestimável. Cada aula que você ministra, cada aluno que você inspira, cada mente que você ajuda a moldar é uma contribuição direta para um mundo melhor. Vocês são os verdadeiros heróis silenciosos da nossa sociedade, trabalhando incansavelmente nos bastidores para criar um futuro mais brilhante. O impacto de seu trabalho se estende muito além da sala de aula. Vocês não apenas educam; vocês curam. Curam a ignorância, o preconceito e o medo através do conhecimento. Vocês são médicos da mente e do espírito.
Obrigada.
Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.
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