Comunicação não é, necessariamente o que você fala, mas o que os outros fazem com o que você fala

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Talvez uma das coisas mais importantes que possamos fazer com o outro, seja ouvi-lo. Mas ouvir no sentido, percebendo, vivendo o que está sendo dito. Grande parte dos conflitos familiares decorre da pouca importância para os casais de ouvir um ao outro. Com certeza, a convivência faz pensar que já saibamos tudo sobre o outro e isto nem sempre é verdadeiro, pelo menos em muitas situações. Na sala de aula é a mesma coisa.

O professor, muitas vezes preocupado com o excesso de conteúdo programático, deixa de lado a oportunidade de conversar e conhecer seus alunos, de vê-los além dos uniformes. É muito bom ser ouvido atentamente. Valoriza quem fala, eleva sua auto-estima, melhora o relacionamento.

Experimente isso em casa, com seus familiares. Ouça seu marido ou mulher, filhos e pais olhando em seus olhos, sem pressa que terminem de falar. Faça isso, também, no colégio. Estabeleça , no início da aula, o Papo Livre e permita que, por um dois minutos, devidamente combinado com a turma, os alunos possam falar com você, livremente, sobre o que desejarem. No princípio, talvez gere um pequeno tumulto, mas você vai verificar que os resultados são ótimos.

Aproveite para elogiar seus alunos; deixa as críticas para fazê-las particularmente. Ninguém gosta de ser criticado publicamente, ainda que você dê à crítica um tom de brincadeira. Trate seu aluno pelo nome e, nunca, por apelido. Por mais engraçados que possam ser, para você, os apelidos, muitas vezes, denigrem e baixam a auto-estima, inibindo e constrangendo as pessoas. Lembro de um aluno que tinha as pernas tortas e por isso era chamado de Tesoura por todos os colegas e por alguns professores que se julgavam muito íntimos dele. Atendia a todos sempre com sorrisos e simpatia. Era músico, tocava violão e gostava de escrever poesias. Parecia não importar com o apelido, porque o tratavam com carinho.

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Um dia, entretanto, numa festa do colégio, por qualquer razão, demonstrou irritação com a forma como era chamado e acabou me confidenciando, em forma de desabafo:

– Puxa, todo mundo me conhece, sabe meu nome, sabe que toco violão e faço poesia, porque não me chamam de Artista, Poeta ou simplesmente pelo meu nome? Será que o meu defeito chama mais atenção que as minhas virtudes?

Fale com o seu aluno com respeito.

Texto extraído do livro SOU PROFESSOR

José Carlos Serrano Freire

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