O ator Ryan Gosling viaja a Bangcoc no violento Only God Forgives (Apenas Deus Perdoa), do dinamarquês Nicolas Winding Refn, exibido nesta quarta-feira em Cannes, dois anos depois do cineasta ter recebido o prêmio de melhor diretor por Drive, com o mesmo ator. Para ver o trailer, indicado para maiores de 18 anos, clique aqui.

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– O filme mostra um homem que deseja combater Deus – afirmou o diretor, que dedicou o longa-metragem ao cineasta chileno Alejandro Jodorowsky, que considera seu pai espiritual.

– Sempre fui fascinado por sua linguagem cinematográfica, longe de todas as convenções – afirmou o diretor.

Para grande decepção de muitos jornalistas, Gosling não viajou a Cannes. Ele está rodando seu primeiro filme como diretor, How to Catch a Monster, com Christina Hendricks e Eva Mendes, sua namorada.

– Lamento muito não poder estar Cannes, estou na terceira semana das filmagens – disse Gosling, de 33 anos, em uma mensagem que foi lida na sala de imprensa após a exibição do filme, recebido sem muito entusiasmo pela crítica.

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O ator canadense, que foi proibido por uma seguradora de viajar de avião durante as filmagens, interpreta em Only God Forgives Julian, um personagem silencioso e torturado, que dirige um clube de Muay Thai, boxe tailandês, que serve de fachada para o tráfico de droga.

Sua mãe, uma mistura de Lady Macbeth e Donatella Versace interpretada por Kristin Scott Thomas, chega a Bangcoc para repatriar o corpo do filho preferido, o irmão de Julian, que foi assassinado brutalmente por uma jovem prostituta, e pede ao outro que a ajude em uma vingança.

Mas o verdadeiro protagonista do filme não é Gosling, que pronuncia 12 curtas frases em todo o longa-metragem, e sim Chan (o ator tailandês Vithaya Pansringarm), um enigmático ex-policial budista, mistura de samurai e justiceiro divino.

Chang, que destila uma calma marcial, tenta limpar Bangcoc, cidade de 12 milhões de habitantes, de seu lado obscuro: bordéis, clubes noturnos, drogas.

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– É um policial aposentado que sente que tem um poder espiritual – explicou o ator tailandês.

De acordo com ele, Winding Refn disse que ele tinha que “interpretar Deus”.

– É um filme sobre misticismo e realidade, sobre o percurso espiritual de um homem – destacou Winding Refn, premiado em 2012 como melhor diretor em Cannes por Drive.

O cineasta, que disse ter começado a pensar em Only God Forgives antes de Drive, afirmou ser fascinado pelo cinema asiático, os filmes de artes marciais e pela magia desta região do mundo.

– Na Ásia não existe esta separação que há no Ocidente entre a realidade e o mundo místico – disse o diretor, que rebateu as opiniões de que seu filme, que inclui cenas de grande violência, seja “niilista”.

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– Acredito que é mais místico – declarou.

Ele contou que quando sua filha nasceu, a menina “tinha a habilidade de ver fantasmas”.

– Estávamos em Bangcoc e no hotel chamaram uma espécie de xamã, para que expulsasse o fantasma que a assustava – disse Winding Ref, para quem a arte tem “muito a ver com o mundo do inconsciente”.