Pelo menos 50 mil – 80 mil segundo algumas estimativas – saíram às ruas neste sábado em Moscou em uma jornada de mobilização, que alcançou outras cidades do país, contra o resultado das eleições legislativas, vencidas pelo partido de Vladimir Putin.

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Esta foi uma mobilização inédita por sua magnitude contra Putin, que chegou ao poder em 2000, é primeiro-ministro desde 2008 e anunciou a intenção de retornar ao Kremlim em março do próximo ano. A polícia de Moscou calculou em 25 mil número de manifestantes. A oposição anunciou a presença de 50 mil a 80 mil pessoas na praça Bolotnaya, centro de Moscou.

Esta é a maior manifestação de opositores organizada em Moscou desde os anos 1990. “Devolvam as eleições ao país!”, “Queremos uma nova apuração dos votos!”, “Rússia sem Putin!”, afirmavam os cartazes dos manifestantes.

Vários representantes da oposição discursaram, da extrema esquerda aos liberais, passando pelo movimento nacionalista “Os Russos”.

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– Vladimir Putin e (o presidente) Dmitri Medvedev fizeram uma descoberta desagradável para eles. A Rússia tem um povo – declarou Serguei Mitrojin, líder do partido liberal Yabloko.

– Somos o povo! – respondeu a multidão. O governo mobilizou as forças de segurança em grande escala por toda a cidade: ao redor do Kremlin, nos acessos à Praça Vernelha, perto da sede do FSB (antiga KGB), na praça Lubianka e na ponte que atravessa o rio Moskova.

Um helicóptero sobrevoava o centro da cidade. Um dos líderes da oposição liberal, o ex-ministro Boris Nemtsov, afirmou à imprensa que a mobilização aconteceu em 90 cidades da Rússia. Em São Petersburgo, segunda maior cidade do país, mais de 10 mil manifestantes compareceram a um protesto convocado pela oposição aos gritos de “Putin ladrão”.

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A manifestação acontece na Praça Pionerskaya Ploshad, no coração de São Petersburgo, cidade natal tanto de Putin como do presidente Dimitr Medvedev.

Os protestos deste sábado foram convocados pelas redes sociais e receberam milhares de resposta durante a semana, quando a polícia prendeu 1.600 pessoas em manifestações em Moscou e São Petersburgo. O extremo oriente do país também foi cenário de protestos, como a cidade de Vladivostok, além de Blagovechensk, Chita e Ulan-Ude, na Sibéria oriental.

O Diário Oficial russo publicou neste sábado os resultados oficiais das eleições legislativas, que confirmam a vitória do partido governista, Rússia Unida, com 49,32% dos votos.

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Segundo os resultados publicados pelo Rossiiskaia Gazeta, o partido de Vladimir Putin terá a maioria absoluta de 238 cadeiras, de um total de 450, na Duma (Câmara Baixa).

Os resultados apontam 92 deputados ao Partido Comunista (19,19% dos votos), 64 ao Partido Rússia Justa (centro-esquerda, 13,24%), e 56 ao Partido Liberal Democrata (nacionalista, 11,67%).

O partido de oposição liberal Iabloko, com 3,43% dos votos, não estará representado na Duma. De acordo com os resultados oficiais, a participação foi de 60,21%. A missão de observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) anunciou ter constatado muitas irregularidades na votação.

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O site da ONG “Observador cidadão” (nabludatel.org) afirma que os resultados reais das legislativas dariam ao Rússia Unida quase 20 pontos a menos, com uma participação real de pouco mais de 50%.

Durante a semana, Putin afirmou que o Estado utilizaria todos os “meios legítimos” para reprimir incidentes. Além disso, o premier acusou o governo dos Estados Unidos de estimular os protestos, para criar um cenário de caos na Rússia.