A Justiça russa rebaixou nesta quarta-feira de pirataria para vandalismo a acusação contra os tripulantes do navio do Greenpeace Arctic Sunrise, que estão presos por protestar em alto mar contra a exploração de petróleo no Ártico.

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De acordo com as agências de notícias russas, o porta-voz do comitê de instrução judicial anunciou que “a atuação dos acusados no caso penal foi requalificada com base no artigo sobre vandalismo”.

Os 28 ativistas e dois jornalistas que estavam na embarcação do Greenpeace, entre eles a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, estão presos há mais de um mês.

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Diretor executivo do Greenpeace International, Kumi Naidoo, estava jantando, em Amsterdã, sede da organização, quando recebeu a notícia e correu para ler o comunicado no site do Comitê de Investigação, o órgão russo responsável pelo inquérito. Kumi, que falou por telefone com Zero Hora, ainda está cauteloso:

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– São boas notícias, mas soubemos há poucos minutos e acreditamos que só saberemos maiores detalhes amanhã. Precisamos ver ainda que outros tipos de acusações persistem.

As autoridades russas anunciaram há cerca de duas semanas que drogas teriam sido encontradas no navio Arctic Sunrise e também que teriam sido achados equipamentos usados com propósitos que não serviam apenas a “fins ambientais”.

– Esta notícia é bem-vinda, estamos felizes. Queremos que nossos ativistas vão para casa o mais cedo possível. No entanto, não sabemos o que significa a acusação de vandalismo. Obviamente, nossos ativistas não são vândalos.

Logo após a entrevista de Naidoo, o Greenpeace International emitiu nota afirmando que irá lutar contra a acusação de vandalismo da mesma forma que lutou contra a de pirataria. A mãe de Ana Paula, Rosangela Maciel, que mora em Porto Alegre, comemorou.

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– É muita felicidade. Quero saber mais agora sobre como fica a situação – comentou Rosangela Maciel, mãe de Ana Paula, ao ser informada por Zero Hora da decisão.

Pela manhã, a Rússia decidiu que boicotará a audiência do Tribunal Internacional do Direito do Mar sobre o barco do Greenpeace e os 30 tripulantes detidos quando protestavam contra a exploração de petróleo no Ártico, anunciou o ministério russo das Relações Exteriores.

– A parte russa informou à Holanda e ao Tribunal Internacional do Direito do Mar que não vai participar no processo – disse uma fonte do ministério citada pela agência Rio-Novosti.

O governo russo também criticou o procedimento de arbitragem iniciado pela Holanda, segundo o qual os dois países devem nomear “árbitros” que ficariam responsáveis por encontrar uma solução para o caso do barco Arctic Sunrise, que navegava com bandeira holandesa.

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– No entanto, a Rússia segue aberta a uma solução do problema – disse a fonte.

A Holanda anunciou na segunda-feira um recurso ao tribunal para obter a libertação dos tripulantes, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel.

O Tribunal Internacional do Direito do Mar deve convocar uma audiência para que Rússia e Holanda apresentem seus pontos de vista em um prazo de duas ou três semanas.

A Holanda destacou que estava disposta a suspender o recurso no Tribunal e discutir com a Rússia as questões jurídicas do caso ‘Arctic Sunrise’, mas apenas depois da libertação dos tripulantes.