Um tribunal russo ordenou neste domingo a detenção por dois meses da bióloga brasileira Ana Paula Maciel e de outros sete membros da tripulação do navio de Greenpeace, o Arctic Sunrise, investigado por “pirataria” após um protesto contra uma plataforma da Gazprom no Ártico.
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Um tribunal de Murmansk já havia ordenado na quinta-feira a prisão por dois meses dos 22 ativistas do Greenpeace a bordo do quebra-gelos. Os tripulantes do barco estão sendo investigados por “pirataria”, um crime que pode ser punido com até 15 anos de prisão no país, pela tentativa de abordar uma plataforma da empresa Gazprom no Ártico para protestar contra os projetos de extração de petróleo na região.
Os demais haviam sido colocados sob prisão preventiva por 72 horas e suas audiências adiadas para este domingo. Entre os tripulantes há 26 estrangeiros de 18 nacionalidades.Na sessão deste domingo, o tribunal de Murmansk decidiu manter em detenção até o dia 24 de novembro também de Dima Litvinov, um sueco-americano de origem russa, porta-voz do Greenpeace, um ucraniano cujo nome não foi divulgado, os holandeses Faiza Oulahsen e Mannes Ubels, os britânicos Anthony Perret e Frank Hewetson e a finlandesa Sini Saarela.
O Greenpeace vai recorrer da decisão. De acordo com Fabiana Ferreira Alves, coordenadora da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, a organização conseguiu entregar para os integrantes do grupo mochilas com suprimentos e objetos de higiene pessoal, além de cartas de familiares. Manifestações em solidariedade aos ativistas ocorreram em mais de 30 cidades de vários países.
– Eles estão recebendo suporte legal completo. Estamos falando com diplomatas de diversos países para obter ajuda e estamos realizando protestos ao redor do mundo. Tentaremos sensibilizar o governo russo para que o grupo fique em liberdade – afirmou Fabiana a Zero Hora.
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As imagens, postadas na internet, mostram Litvinov, bisneto de um ministro das Relações Exteriores de Stalin, em uma cela de metal na sala de audiência.
Diplomatas de vários países assistiam as audiências. O Artic Sunrise foi interceptado no Ártico pelas autoridades russas e rebocado para Murmansk. Os ativistas negam ter cometido atos de pirataria e acusam a Rússia de ter interceptado ilegalmente seu navio em águas internacionais.
O presidente russo Vladimir Putin admitiu na quarta-feira que os 30 tripulantes do barco do Greenpeace não eram piratas, mas que “essa gente violou as normas da lei internacional”.
A comissão de investigação russa justificou a prisão dos ativistas considerando que poderiam fugir da Rússia caso fossem libertados.
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Entre os detidos também está o capitão do navio do Greenpeace, o americano Peter Willcox, que ocupava esse mesmo posto à frente do Rainbow Warrior em 1985, quando o barco da ONG ambientalista foi afundado pelos serviços secretos franceses.
A prisão preventiva do fotojornalista Denis Siniakov, que trabalhou para a AFP e Reuters em Moscou, também provocou agitação. Meios de comunicação russos, como a rádio Eco de Moscou ou o site Gazeta.ru, publicaram quadrados pretos no lugar das fotos em suas páginas na internet em solidariedade a Siniakov.
Quatorze membros da tripulação estão em um centro de detenção em Murmansk, e oito na cidade vizinha de Apatity.
Segundo Irina Pakatcheva, que dirige uma comissão de observação sobre o respeito dos direitos dos prisioneiros na região de Murmansk, um britânico está atualmente preso com dois russos suspeitos de roubo, o que é contra a lei.
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– É uma violação – declarou, explicando que, segundo a legislação russa, os suspeitos estrangeiros devem permanecer separados dos russos. Ela também acrescentou que os membros da tripulação estavam detidos em “condições satisfatórias”.