Depois dos mísseis para a defesa, a Rússia estaria negociando a entrega, para o governo sírio, de 10 aviões de combate Mig-29 ultramodernos, conforme disse nesta sexta-feira o para agências de notícias russas o diretor-geral da empresa construtora dessas aeronaves, Serguei Korotkov.
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– Uma delegação síria encontra-se atualmente em Moscou. Estão sendo definidos os detalhes do contrato – disse Korotkov, segundo a Interfax. – Penso que serão entregues à Síria – acrescentou, referindo-se aparentemente a esses aviões de combate, um dos modelos mais modernos utilizados atualmente pela força aérea russa.
Dois jornais russos afirmaram também nesta sexta que Moscou ainda não entregou o sofisticado sistema de mísseis de defesa antiaérea terra-ar S-300 à Síria, diferentemente do que deu a entender o presidente sírio Bashar al-Assad , e pode não realizar a entrega neste ano. Em entrevista à rede de televisão do Hezbollah, Al-Manar, divulgada na quinta-feira, Bashar al-Assad indicou, interrogado sobre a entrega desses sistemas de defesa prometidos por Moscou, que “todos os acordos com a Rússia serão cumpridos e uma parte já foi cumprida recentemente”. Mas, segundo fontes de dentro do complexo industrial militar russo citadas pelos jornais Vedomosti e Kommersant, os sistemas ainda não foram entregues.
De acordo com o Vedomosti, não é certo que os sistemas, cuja venda por US$ 1 bilhão foi acordada em 2010, sejam entregues neste ano. “A entrega de seis S-300 previstos em um contrato assinado em 2010 só irá ocorrer no segundo trimestre de 2014”, escreveu o Kommersant, por sua vez. Além disso, serão necessário seis meses para formar funcionários sírios e realizar testes de mísseis antes que este sistema se torne operacional.
A fonte citada pelo Vedomosti também indicou que, embora as autoridades russas insistam oficialmente sobre sua vontade de cumprir com o contrato, isso não significa que a entrega dos sistemas irá se concretizar.
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Moscou defendeu na terça-feira a entrega a Damasco de S-300, sofisticados sistemas de defesa antiaérea equipados com mísseis terra-ar capazes de interceptar em voo aviões de combate ou mísseis teleguiados. A Rússia considera que são um fator de estabilização cujo objetivo é dissuadir qualquer intervenção estrangeira no conflito.
Fim das sanções
A União Europeia oficializou, também nesta sexta-feira, a mudança de seu regime de sanções contra a Síria, após a controversa decisão de retirar o embargo sobre as armas para a oposição. O regime modificado das “medidas restritivas”, tomadas progressivamente desde o início do conflito, em 2011, ficará em vigor de sábado até 1º de junho de 2014, anunciou a UE. Ele inclui “uma série de proibições de importações e exportações como, por exemplo, o embargo ao petróleo, restrições aos investimentos, às atividades financeiras e do setor de transporte”, detalhou em um comunicado.
Além disso, 179 pessoas “ligadas à repressão violenta na Síria” continuam sujeitas ao congelamento de bens e proibição de viajar para a UE. O congelamento de bens também atinge 54 entidades, incluindo o Banco Central da Síria.
A única mudança é a supressão do embargo de armas para “a Coalizão Nacional, as forças da revolução e a oposição síria”, conforme acordado com os ministros das Relações Exteriores da UE após uma longa reunião sobre o assunto, em Bruxelas. O embargo foi retirado a pedido da Grã-Bretanha e da França, apesar da relutância e da oposição de outros 25 países, mas ambos disseram que não tinham a intenção de entregar armas “imediatamente”. A possibilidade de fornecimento de armas “só será possível sob condições muito rígidas”, considerou nesta sexta-feira Michael Mann, porta-voz de Catherine Ashton, representante para a Política Externa da UE. O fornecimento estará sujeito a garantias sobre o “destino final” das armas e seus “usuários”, na tentativa de impedir que caiam nas mãos de radicais islâmicos.
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Os europeus devem reconsiderar a sua posição “até 1º de agosto” para levar em conta qualquer progresso nas negociações de Genebra 2, organizadas por Estados Unidos e Rússia para tentar encontrar uma solução política para o conflito.