A Rússia expressou preocupação nesta quarta-feira com o projeto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de criar uma força armada espacial, porque teme um impacto desestabilizador na segurança internacional.

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“O mais preocupante deste anúncio é que o objetivo foi claramente indicado: assegurar o domínio do espaço”, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.

Na segunda-feira, Trump ordenou ao Pentágono a criação de uma nova “força espacial”, que se tornaria o sexto braço das Forças Armadas e garantiria o “domínio americano” do espaço.

“Quando se trata de defender os Estados Unidos não basta a nossa presença no espaço, tem que haver um domínio americano do espaço”, disse.

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“Não queremos que China nem Rússia e outros países nos dominem”, completou Trump.

“O reforço militar no espaço teria um impacto desestabilizador sobre a estabilidade estratégica e a segurança internacional”, advertiu Zakharova.

A Rússia considera que a exploração do espaço com fins pacíficos é prioritária, destacou.

“Nosso país não tem interesse em realizar nenhuma tarefa no espaço usando meios de ataque”, insistiu Zakharova.

Trump indicou que deseja a criação desta sexta divisão, ao lado do Exército (US Army), Aeronáutica (US Air Force), Marinha (US Navy), os Marines (infantaria da marinha) e da Guarda Costeira.

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A Rússia tem uma força espacial vinculada à Força Aérea.

O anúncio de Trump, que precisa da autorização de um Congresso dividido sobre o tema, foi feito após as declarações de autoridades de Defesa em Moscou e Washington sore o temor de uma nova corrida armamentista.

O presidente americano retomou assim um ponto que já havia evocado anteriormente: a criação de uma força espacial independente da força aérea, uma ideia polêmica em Washington, e especialmente dentro do Pentágono.

A decisão cabe ao Congresso, mas na segunda-feira ele ordenou ao Departamento de Defesa começar a estabelecer as bases.

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“Teremos a força aérea e teremos a força espacial, separadas mas iguais”, acrescentou sobre esta iniciativa.

Uma porta-voz do Pentágono indicou sem entusiasmo que o processo será longo e dependerá de uma comissão criada recentemente. “Em união com o Congresso será um processo cuidadosamente pensado, que levará em conta as recomendações de vários atores”, disse Dana White.

Trump, que não especificou os detalhes nem o papel específico desta força espacial, insiste no desenvolvimento do setor espacial desde que chegou ao poder.

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Fez um chamado a aumentar o orçamento da Nasa, e em dezembro ordenou que a agência espacial americana volte à Lua pela primeira vez desde 1972 e que prepare missões a Marte.

Em um contexto de tensão entre Moscou e Washington, o espaço é um dos raros temas em que os dois países continuam cooperando, especialmente na participação conjunta na Estação Espacial Internacional (ISS).

O governo de Trump quer privatizar a ISS a partir de 2025, uma ideia controversa no Congresso, para redirecionar os recursos da Nasa ao retorno dos astronautas à Lua.

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* AFP