Crescem, nos bastidores do Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os rumores sobre uma possível confissão do ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza, que está sendo julgado desde a segunda-feira acusado de mandar matar, em junho de 2010, a modelo Eliza Samudio, sua ex-amante e com quem teve um filho. A expectativa é de que o ex-goleiro seja interrogado ainda nesta terça-feira.
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O assistente de acusação Cidney Karpinski disse que, na segunda-feira, teve uma rápida conversa com o advogado de Bruno, Lúcio Adolfo. Durante a conversa, contou Karpinski, a possibilidade de confissão teria sido tratada.
– Está tudo encaminhando para a confissão. Mas para que ele (Bruno) seja beneficiado com a redução da pena, ele precisa dar detalhes do crime. Não adianta dizer que somente mandou dar um susto na Eliza. Precisa confessar que eles vieram para Minas para executá-la – afirmou Karpinski nesta terça-feira no momento em que se preparava para entrar no Fórum de Contagem, para o segundo dia do julgamento.
O advogado do ex-goleiro, no entanto, negou que tenha procurado os representantes da acusação e que Bruno vá confessar sua participação no crime. Já outro advogado que defende o ex-goleiro, Tiago Lenoir, foi mais taxativo e disse que Bruno não vai confessar porque não participou do crime.
– O que nós temos é que Bruno chamou Eliza para fazer um acordo. A relação dos dois nunca foi uma relação de morte, horror – disse Lenoir.
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Questionado sobre as entrevistas dadas por Bruno à época do desaparecimento de Eliza, nas quais ele negou saber do paradeiro dela, Lenoir disse que “as máscaras do Bruno já caíram”.
– Ele vai poder explanar agora o que ele sabe, o que teria acontecido. A acusação não conseguiu fechar a história, portanto ele não pode ser condenado porque é inocente.
Ministério Público
O promotor Henry Wagner Vasconcelos, responsável pela acusação, negou a intenção do Ministério Público Estadual (MPE) de fazer uma negociação com o réu, mas salientou que uma confissão de Bruno implicaria em uma redução de pena “pelos próprios dispositivos legais” vigentes.
A mãe de Eliza Samudio, Sônia Fátima de Moura, disse, ao chegar para o segundo dia do julgamento, que não acredita na confissão de Bruno e voltou a pedir a condenação dele.
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– Eu quero a condenação total.
Já a atual mulher do ex-goleiro, Ingrid Oliveira, disse, nesta terça-feira, que o jogador vai dizer “a verdade” sobre o desaparecimento de Eliza. Ingrid, contudo, não foi específica sobre essa “verdade”.
Completou dizendo que Bruno teria ficado “muito decepcionado” com a versão dada por seu ex-braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, que, em julgamento em novembro de 2012, admitiu que Eliza foi assassinada e acusou o jogador de ser o mandante do crime.
Tia de Bruno diz que viu Eliza no sítio no dia do crime
Célia Aparecida Rosa Sales, tia do ex-goleiro Bruno, confirmou, nesta terça-feira, durante seu depoimento ter visto Eliza Samudio no sítio de Bruno em Esmeraldas, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte, “no dia 9 ou 10 de junho”, data em que Eliza teria sido assassiada. Contou que foi ao local com Dayanne Rodrigues, ex-mulher do ex-goleiro.
Célia afirmou que estavam no sítio, além de Eliza, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, Sérgio Rosa, seu filho, que foi morto, Jorge Luiz, o primo de Bruno e Coxinha. O filho que Eliza teve com Bruno também estava no sítio, segundo a tia do ex-goleiro, assim como as filhas que Bruno teve com Dayanne.
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A tia do réu contou também que teria conversado muito com Eliza e que esta teria até ajudado a preparar a comida que foi servida no local nesse dia. Disse que Eliza chegou a convidar alguns dos que estavam no sítio para a visitarem no apartamento para onde achou que seria levada ao deixar o sítio com Macarrão, Jorge Luiz Lisboa Rosa e Sérgio Rosa Sales.
Neste momento, disse a tia de Bruno, Eliza teria sido levada para ser morta pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Célia Rosa Sales contou que ficou com o bebê de Eliza Samudio porque achou que a mãe teria ido para São Paulo “resolver algumas coisas” após deixar o sítio do atleta e, posteriormente, não retornar.
Segundo ela, a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, também cuidou da criança antes de viajar para o Rio de Janeiro e teria tratado o bebê “como se fosse filho dela”.