Na região mais distante da Capital, lá onde o mapa fica mais estreito e o Brasil termina para dar lugar à Argentina, existem grandes riquezas turísticas que não ficam à vista. Estão escondidas. Não há divulgação, não há guias e nem placas de sinalização que indiquem o caminho. Mas se você é daqueles com espírito desbravador, vai gostar de encarar o desafio pelas entranhas dos Caminhos da Fronteira.
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Há o óbvio, claro: aquilo que está nos mapas turísticos e não se pode deixar de visitar. Um dos maiores museus rurais do país, o Professor Edvino Carlos Hölscher, em Guaraciaba, é um deles. Os parques de águas termais de São João do Oeste, é outro. E há ainda os cânions de São José do Cedro e Dionísio Cerqueira e os famosos mirantes de Itapiranga, com vista para o Rio Uruguai, de onde se avista a Argentina.
Confira imagens da região de Dionísio Cerqueira
A região é marcante também pela fronteira: é a única de Santa Catarina que está colada em outro país. Mas nos 130 quilômetros que separam uma ponta do Estado (ao norte) da outra (ao sul), apenas duas cidades fazem ligação direta com a Argentina: Dionísio Cerqueira, com a aduana e os famosos freeshops castelhanos, e Paraíso, com a isolada Ponte Internacional Peperiguaçú que liga apenas estradas – a brasileira BR-282 e a argentina Rota Nacional Nº 14.
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São Miguel do Oeste
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Dionísio Cerqueira
A cidade que se consagrou pelo inusitado estar em três lugares ao mesmo tempo – na própria Dionísio, na paranaense Barracão e ainda na argentina Bernardo de Irigoyen -, também é reduto de muita natureza selvagem e pouco explorada. Um desses exemplos fica a dez quilômetros do Centro, em estrada de chão. Para chegar até lá, em Linha Campinho, e deslumbrar a queda de quase 30 metros da Cachoeira do Puca, onde os bombeiros costumam praticar rapel, é preciso muito fôlego, já que ela está oculta em meio ao mato e vegetação alta, de difícil acesso. O cenário, porém, compensa toda a dificuldade de chegada.
Para os amantes de história, há também o pouco conhecido Cemitério dos Tombados, em Linha Separação. O local, sem estrutura alguma, vale só pela preservação dos fatos: ali, há 87 anos, foram mortos mais de 200 soldados das tropas da Coluna Prestes, que se confrontaram sem saber que eram companheiros de causa. Até hoje é possível encontrar no local centenas de cápsulas de fuzis e fragmentos de armas.
Depois, retorne ao Centro para aproveitar as cerca de 30 lojinhas de freeshops, já em território argentino. E não deixe de conhecer os vários marcos que dividem os dois países: há estruturas de pedras, obras de arte e até um santuário com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e da Virgem de Luján, padroeira da Argentina, cada uma delas voltada a seu país de origem. E para não perder a localização, fique de olho nos postes de luz: os pintados em amarelo e verde indicam que você está em Dionísio, já os azuis e verdes são de Barracão.
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Paraíso
Uma das menores cidades da região, é também uma das mais visitadas. E não por acaso. Junto com Dionísio Cerqueira, Paraíso faz o único acesso terrestre do Estado com a Argentina: é lá que fica a Ponte Internacional Peperiguaçú, que dá nome ao rio que faz a divisa. O local, por si só, não conserva nenhum atrativo turístico, porém serve como valor imaterial – e é isso que atrai muitos visitantes até lá.
Mas não se iluda. Não há nada para fazer ali além de fotos – os únicos pontos de freeshops argentinos estão mesmo em Dionísio. A não ser que você esteja inspirado em atravessá-la e percorrer os cerca de 54 quilômetros de estrada de chão da Rota Nacional Nº 14 – agora em obras de pavimentação – que levam à primeira cidade, San Pedro.
O caminho até chegar à ponte – cerca de seis quilômetros do trevo de acesso a Paraíso, pela BR-282 – também vale pelas paisagens: enormes paredões de pedra, como cânions, enfeitam os dois lados da pista. No mais, a cidade sossegada que respeita o nome que tem, também reserva outra agradável surpresa. A Cachoeira do Salto do Rio das Flores, vale a visita e todo o esforço que exige para se chegar até lá – há uma trilha curta, de alta dificuldade, com descidas íngremes e pedras escorregadias. O acesso é por estrada de chão, em Linha Salto das Flores, a cerca de nove quilômetros do Centro.
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ONDE IR
Guaraciaba
Museu Histórico Professor Edvino Carlos Hölcher – um dos maiores do Brasil em área rural com acervo de mais de sete mil peças. A dez quilômetros do Centro, em Linha Olímpio. (49) 3645-0159, ramal 20.
Descanso
Cristo Redentor – com nove metros de altura e inaugurado em 1949, no Centro.
Dionísio Cerqueira
Cânion do Assentamento – com trilha ecológica e quatro cachoeiras, a última delas com 62 metros de altura. Na comunidade de Assentamento, a 25 quilômetros do trevo de acesso à cidade.
São José do Cedro
Cânion São Vendelino – com trilha e cachoeira de 18 metros de altura. Na comunidade de São Vendelinom, a 18 quilômetro do Centro.
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Viagem: de São Miguel do Oeste para Dionísio Cerqueira, passando por Paraíso. Total: 61,9 quilômetros. Tempo ideal: dois dias, no mínimo.
Distâncias até São Miguel do Oeste
Chapecó: 128 km
Florianópolis: 655 km
Joinville: 619 km
Secretaria de Turismo de São Miguel do Oeste: (49) 3622-6208.