Cinco amigos argentinos saíram de Plaza, na província de Chaco, na virada de segunda para terça-feira, à meia noite. Na camionete em que viajam, cadeiras de praia estão presas na parte externa do veículo, apetrechos de acampamento foram colocados no porta-malas, ao lado de uma caixa de som que não para de tocar músicas de “folclore”, semelhantes às composições nativistas do Rio Grande do Sul. Eles não têm ingresso ou reserva de hotel. O que importa é curtir, ver Porto Alegre pela primeira vez e estar ao lado da amada seleção liderada pelo craque Messi.

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Na jornada de Hugo Ramírez, Lucas Soto, Carlos Ferreyra, Victor Gomez e Deonel Lopez, três torcedores do Boca Juniors e dois do River Plate, também não falta o mate, companheiro de estrada. Às 7h, eles chegaram ao posto de migração de Uruguaiana, lotado por argentinos que rumam a Porto Alegre, onde a seleção joga nesta quarta-feira, no estádio Beira-Rio, contra a Nigéria. Esperaram por 2h40min para obter a liberação de migração, fizeram algumas fotos nas placas que indicavam o início do território brasileiro e seguiram viagem.

– Vamos tentar comprar ingresso, se não for muito caro. Se não conseguir, vamos ver o jogo na rua – diz Lucas Soto, mantendo a esperança de vislumbrar os jogadores de perto, das cadeiras do novo Beira-Rio.

Apesar da inabalável confiança dos argentinos, eles não deixam de revelar preocupações com o desempenho do time, que venceu as duas primeiras partidas, mas não empolgou.

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– Eu não tinha fé na defesa, mas agora ela me parece mais firme. Eu tinha muita fé no ataque, mas, até agora, as coisas não estão acontecendo. Jogadores como Higuaín e Aguero não estão bem, Messi às vezes resolve, às vezes some – avalia Lucas Soto, com a concordância de Victor Gomez.

Mas os argentinos sempre encontram uma forma de valorizar o futebol do seu país, principalmente quando se trata da rivalidade com o Brasil dentro de campo.

– Lá vai Caniggia, ele avança, o lance é perigoso, ele passa por Taffarel, bate e é gooooollllllll!!!!!! Brasil está foraaaa!!!!! – tripudia Hugo Ramírez, como se fosse um narrador de futebol.

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O lance recordado por ele com orgulho remete à Copa de 1990, na Itália, uma amarga lembrança para o futebol brasileiro, eliminado naquele ano pela Argentina com um gol de Caniggia, em jogada iniciada por Diego Maradona. Mais tarde, na final, a Argentina também viria a sofrer: deixou de conquistar o tricampeonato ao ser derrotada na final pela Alemanha. E, nas Copas seguintes, jamais passaram das quartas de final.

Na estrada, os hermanos estão à vontade. Comentam que a trajetória é tranquila, com pouco movimento de veículos na BR-290.

Saindo de Uruguaiana, uma breve parada em Cacequi para abastecer e ir ao banheiro. Após três horas de viagem e quase 300 quilômetros rodados em solo gaúcho, os cinco gringos decidem almoçar em um restaurante no perímetro de São Gabriel. Na verdade, eles também estão interessados em ver pela televisão o confronto entre Uruguai e Itália. E não escondem o seu sentimento em relação ao jogo, marcado por anos de rivalidade entre os países divididos pelo Rio da Prata.

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– Não, Uruguai não queremos que passe! – bradou Lucas Soto.

O quinteto deve chegar a Porto Alegre no final da tarde. E eles vão direto para a região do Gasômetro e do Parque Marinha do Brasil. Querem montar logo o seu acampamento às margens do Rio Guaíba.

Mas uma coisa martela na cabeça dos argentinos. Um fato inegável os faz pensar no futuro. Um brasileiro lhes tira o sono.

– Assistimos ao jogo do Brasil contra Camarões e Neymar, de fato, está jogando muito bem – refletem os amigos.

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