Muitos bares e casas noturnas abraçaram a modernidade e apostaram na decoração como referência de originalidade. Mas existe um dono de bar em Joinville que resolveu manter as mesas forradas com toalhas xadrez, um quadro-negro que mostra as opções do dia em giz e um balcão convidativo, muito simpático àqueles que gostam de conversar despreocupadamente sobre a vida.

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Rudemar Nestor Gonçalves, 49 anos, é mais conhecido como seu Rude, o dono do Bar Glória, que fica localizado na esquina da rua 15 de Novembro com a Marquês de Olinda.

Quem vê seu Rude conversando com os clientes, abordando assuntos típicos de mesa de bar – desde a gripe A, até as origens do universo -, já imagina que ele não é alguém que se resume a servir bebidas e guardar o dinheiro na caixa registradora. Ele interage com as pessoas, faz companhia e até dá conselhos de vez em quando. Alguns clientes já chegaram a espalhar pela cidade que ele é formado em filosofia.

– O que não é verdade -, garante Rudemar, rindo.

– Eu apenas trato o cliente com amizade e mantenho um clima familiar dentro do bar.

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Por conta desse clima, o bar é frequentado por gente de todas as idades – desde trabalhadores que acabaram de sair da empresa, universitários a pessoas que passam por ali e resolvem parar para jogar uma sinuca.

O seu Rude é de Ilhota e saiu de lá com os pais e os quatro irmãos quanto tinha sete anos. O pai dele havia sido chamado para trabalhar na Tupy – e toda a família, acostumada ao sítio, teve de se adequar à vida em uma Joinville em crescimento.

Ele e os irmãos estudavam com afinco para sempre tirar mais do que nota oito, a mínima exigida em colégio público na época. A vida de estudante foi concluída com boas notas e ele até deu aulas por algum tempo.

Logo seu Rude conheceu Eliane, sua mulher, e deste casamento nasceu Tatiane, 23 anos. Ela é a fiel ajudante do pai no Bar Glória, junto com a mãe.

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Foi com esperança que o seu Rude olhou o Bar Glória, há quase oito anos, e resolveu comprar o local.

– Me chamaram de louco na época -, lembra.

Com uma boa reforma, o prédio, que já tem 71 anos, tornou-se o irreverente ponto de encontro de quem quer jogar conversa fora, beber cerveja bem gelada e jogar sinuca.

– Não pretendo deixar o bar com cara moderna, pois assim ele perderia a identidade -, afirma.

Outra característica do bar é que seu Rude cuida do local como se fosse sua própria casa. E os clientes, seus convidados.

– Aqui são proibidas apostas. Não permito -, conta ele, explicando que sua fama de ser grosso é referente aos cuidados em relação a isso.

– Se vejo alguém se passando, ou sendo agressivo aqui dentro, também não deixo.

Apesar de tudo, a impressão que seu Rude passa aos clientes é de muita simpatia e de pessoa que adora dar conselhos de vida – afinal, mesa de bar serve para isso mesmo.

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