Foto: Divulgação / Divulgação

Uma década depois, ele se tornou o principal autor de romances policiais do País, desses que esgotam tiragens – no caso, de seus dois primeiros livros, Suicidades (2012) e Dias Perfeitos (2014) – e viram trunfos em projetos para o cinema e a TV.

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Depois de colaborar nas séries Supermax e Espinosa (no canal GNT) e na novela A Regra do Jogo e de vender os direitos de adaptação de suas duas obras iniciais, ele mira projetos originais na área audiovisual, ao mesmo tempo em que arranca elogios por seu livro mais recente, Jantar Secreto, lançado no ano passado com os elementos que ele considera imprescindíveis: uma história atraente e temas que reflitam a sociedade e suscitem discussão.

Antes da Feira do Livro de Joinville, da qual participa nesta quarta-feira, às 14 horas e às 19h30, o escritor de 26 anos deu a seguinte entrevistas à coluna:

Confira a programação completa da 14ª Feira do Livro, em Joinville

Quais são as suas influências, dentro e fora da literatura?

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Raphael Montes – Como jovem atento às histórias que surgem no mundo, sou influenciado pela leitura, mas também pelo cinema e pela televisão. Na literatura, os autores que mais me influenciam são Arthur Conan Doyle, Agatha Christie (uma das minhas favoritas), Stephen King, Patricia Highsmith, Chuck Palahniuk, Dennis Lehane, Ian McEwan. Mas também sou muito influenciado por Tarantino, irmãos Cohen, Michael Haneke, Woody Allen e, das séries de TV e novelas, que cresci assistindo, sem dúvida a minha favorita é Breaking Bad. Acho que o escritor é justamente isso, alguém que recebe todas essas informações, as processa e cria suas próprias histórias.

Causa pressão, interna ou externa, fazer sucesso tão cedo, e logo no livro de estreia?

Raphael – A verdade é que nunca escrevi pensando em fazer sucesso. Claro que fico muito feliz que meus livros tenham muitos leitores, mas não escrevi para isso, escrevi para contar boas histórias, discutir temas que me interessam. Então, o que busco nos meus próximos trabalhos são duas coisas: continuar a escrever boas histórias, independentemente do que tenha ao redor; e que a cada história minha eu busque algo novo, evite me repetir. Meus livros são muito diferentes entre si. Tendo essas duas metas, acho que os leitores vão continuar a conferir minhas histórias.

Supermax foi uma boa série nacional de terror, mas a audiência foi ruim. O público não entendeu a proposta?

Raphael – Para mim, foi um privilégio participar do projeto. Acredito que a Rede Globo sabia dos riscos que estava correndo e que uma série como Supermax é o primeiro passo, de muitos necessários, para formação de um público para o gênero. Acho que o público que gosta do gênero entendeu, sim, a proposta e recepcionou muito bem a série, e um público que por anos ligava num canal de TV aberta como a Globo e encontrava determinados tipos e histórias e produtos encontrou Supermanx, e alguns reagiram mal, o que é natural. Foi um risco calculado. A meu ver, Supermax foi uma experiência muito positiva.

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Foi dito que Jantar Secreto emula a atual crise do desemprego, critica a violência contra os pobres e seria uma libelo a favor do vegetarianismo. Você concorda com alguma dessas questões?

Raphael – Acredito que a boa literatura policial não é só aquela que conta uma boa história, mas também discute temas pertinentes ao ser humano, temas universais. Por isso mesmo, em todos os meus livros tento fazer uma história com muitas viradas, surpresas, cenas que ficam na cabeça dos leitores, de modo que eles leem os livros muito rápido. Mas, ao mesmo tempo, acho que um livro que só faz isso é um livro ruim. Então, a cada livro, além dessas jogadas de trama e dramaturgia, eu busco discutir temas que interessam, e Jantar Secreto reúne justamente os temas que você destacou na pergunta. Ele trata de uma geração que entrou na faculdade achando que ia sair, conseguir emprego e dar certo, mas encontrou o País em crise. O Brasil era o país do futuro e hoje é o caos que a gente vê. Eu queria tratar de como é ser jovem neste momento do País, queria falar de como a gente ainda esconde muito racismo, muito machismo, preconceito, e, por fim, levar o leitor a refletir os motivos pelos quais ele come carne, sem ser didático ou panfletário, porque isso é muito chato. A boa literatura propõe a pergunta, ela não oferece respostas.

Você está escrevendo algo específico para a telona?

Raphael – Eu optei por, na minha migração para o audiovisual, criar histórias originais. Hoje, eu tenho trabalhado em projeto originais, em ideias minhas para filmes e séries de televisão. Torço para que em breve algumas delas se concretizem.

SERVIÇO

O quê: 14ª Feira do Livro de Joinville.

Quando: de 8 a 18 de junho.

Onde: Expocentro Edmundo Doubrawa e Centreventos Cau Hansen, avenida Beira-rio, 315, América.

Quanto: entrada gratuita.

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Na mesa do café

Os Editores do joinvilense Fábio Porto
Os Editores do joinvilense Fábio Porto (Foto: Divulgação / Divulgação)

A Galeria 33 aproveita a véspera de feriado para promover mais um embate do ShortCutz SC. Dois curtas produzidos no Estado se digladiam a partir das 20 horas: Brancura, de Giovana Zimermann, e Os Editores, do joinvilense Fábio Porto, que estreia na sessão. Experimento visual rodado num único dia, traz Samira Sinara e Alex Maciel vivendo um casal cuja discussão matinal é interrompida pelos editores do filme. O curta holandês de animação Ticking Away é o convidado da noite, que, como de costume, tem entrada gratuita.

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Prévia

Ana Paula da Silva faz hoje, às 20 horas, no CEU do bairro Aventureiro, o pré-lançamento do DVD O Canto da Cigarra, registro de um show no Teatro Juarez Machado. O encontro contará ainda com a exibição de um minidocumentário sobre as gravações, além de algumas canções tocadas ao violão pela cantora e compositora. É gratuito, claro.

Leitura

Os grupos de teatro Navegantes da Utopia e La Trama promovem hoje, no galpão da Ajote, a terceira etapa do ciclo de leituras dramáticas. Às 20 horas, sem cobrança de ingresso, eles encenam dois textos: Open House, de Daniel Veronese, e Índice 22, de Max Reinert.