Rubem Fonseca, um dos maiores escritores do Brasil, morreu aos 94 anos nesta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro. A informação é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
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De acordo com informações do colunista, Rubem Fonseca sofreu um infarto nesta terça, em seu apartamento, no Leblon. Assim que sofreu o ataque, foi levado para o Hospital Samaritano, mas não resistiu e morreu.
As informações sobre velório e enterro ainda não foram divulgadas. Porém, devem seguir as recomendações durante a pandemia do novo coronavírus, sendo comunicadas apenas para parentes próximos e amigos. A mesma orientação foi seguida na morte de Moraes Moreira, na segunda-feira (13).
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Rubem Fonseca é reconhecido como um dos grandes nomes da literatura brasileira. É autor de livros como "Feliz ano novo" (1976), "A cólera do cão" (1963), "O cobrador" (1979). Seu último livro de contos inéditos foi lançado há dois anos, "Carne crua".
Conhecido por sua reclusão — e consequente recusa a dar entrevistas —, a Rubem Fonseca normalmente é a atribuída a fundação de uma nova era na ficção nacional, que se tornou mais urbana depois dele. Com os livros do autor, também chega ao país uma influência mais direta da literatura dos Estados Unidos, além da linguagem cinematográfica.
Com livros marcados pela linguagem afiada e pela violência, Zé Rubem, como era chamado pelos amigos, publicou principalmente histórias policiais, mas era um dos autores que levava gênero -muitas vezes associado ao mero entretenimento- à alta qualidade literária.
Quando estreou na literatura, nos anos 1960, com a coletânea de contos "Os Prisioneiros", sua literatura chegou a ser descrita como brutalista.
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História de vida
José Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora (MG), em 1925, viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro -e, mesmo recluso, se tornou, um dos personagens da cidade. Morador do Leblon, não era incomum vê-lo levemente disfarçado em caminhadas matinais, com boné e óculos escuros.
Sua reclusão gerou anedotas. Por exemplo, há a história clássica de um repórter de TV que, cobrindo a queda do Muro de Berlim, em 1989, resolve entrevistar um brasileiro que por ali passava. Aos ser questionado sobre seu nome, o tal brasileiro responde: "José Rubem". O jornalista conversa com o escritor sem se dar conta de sua real identidade.
O lançamento de "Feliz Ano Novo", em 1975, e proibição posterior geraram uma das polêmicas mais rumorosas envolvendo um escritor no regime militar. O livro trazia cinco contos com o estilo que consagrou Fonseca, com os personagens urbanos e do submundo dos quais ele gostava de tratar, como um milionário que atropela pessoas de noite.
A obra já tinha saído há um ano e sido um best-seller quando a ditadura o proibiu, acusando o autor de atentar contra a moral e os bons costumes. Fonseca processou a União, mas o livro só voltaria às prateleiras em 1985, com a reabertura.
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* Com informações FolhaPress.