Quem passa pelas ruas do Centro de Joinville não imagina que pode estar repetindo os mesmos passos dos primeiros imigrantes que chegaram à Colônia Dona Francisca, no século 19. São vias que foram abertas nos primeiros anos após a fundação do município e que ajudam a explicar seu desenvolvimento ao longo do tempo. Por isso, tornaram-se também protagonistas de um livro escrito pela jornalista Maria Cristina Dias, que conta a história das 48 ruas mais antigas da cidade.
Continua depois da publicidade
> Acesse para receber notícias de Joinville e região pelo WhatsApp
A rua Nove de Março, por exemplo, pode ser considerada o caminho mais antigo de Joinville. Segundo a escritora, a via segue o traçado da picada do Jurapé, já encontrada aberta pelo engenheiro Jerônimo Coelho quando esteve no local, em 1848 (três anos antes da fundação de Joinville), para demarcar as terras da princesa Dona Francisca.
A partir da clareira do Jurapé (atualmente, na esquina das ruas Nove de Março, Dr. João Colin e Visconde de Taunay), foram abertos dois dos primeiros caminhos da Colônia Dona Francisca: a Deutsche Pikade (ou Mathiastrasse) e a Nordstrasse. Cada um foi ocupado por imigrantes de origens diferentes.
> Por que a Câmara de Joinville tem projeto sobre ruas sem denominação
Continua depois da publicidade
A Deutsche Pikade, atualmente conhecida como rua Visconde de Taunay, seguia o curso do rio Mathias para que pudesse fornecer água potável aos moradores. Foi onde se estabeleceram os imigrantes de origem alemã.
– Na época, a Alemanha como a gente entende hoje ainda não existia porque a unificação se deu em 1870. Antes disso, eram reinos e condados, e cada um tinha seu próprio dialeto. Os imigrantes que chegaram aqui tinham sua diversidade cultural e linguística, e a direção da colônia também tinha que administrar isso – comenta Maria Cristina.
Além dos imigrantes vindos da região da atual Alemanha, Joinville recebeu outros de origem norueguesa. Eles ocuparam a região da Nordstrasse, atualmente conhecida como rua Dr. João Colin. Já os imigrantes de origem suíça se estabeleceram na região da Mittelweg (rua do Meio, atual 15 de Novembro).
Livro revisita série de reportagens publicada no AN
Essas são apenas algumas das informações e curiosidades contadas pela escritora no livro “Ruas de Joinville – Um passeio pelas histórias da cidade”, que será lançado neste sábado (22), às 14h30, no Museu de Arte de Joinville. A publicação revisita uma série de reportagens publicada pela autora no jornal A Notícia, entre fevereiro de 1998 e janeiro de 1999.
Continua depois da publicidade
> Joinville tem 54 quilômetros de ruas sem manutenção por não serem oficiais
Maria Cristina fez algumas atualizações pontuais nas histórias, mas decidiu preservar ao máximo os textos originais publicados no jornal. O livro conta as origens das ruas, no século 19, com a identificação do nome em alemão e das personalidades que dão nome às vias.
– Muitas pessoas vivem aqui e não conhecem a história da cidade. Essa é a proposta do livro, trazer um pouco da história de Joinville para que a gente possa entender melhor como a cidade foi construída e como se tornou o que é hoje – explica a autora.
Como o material original era extenso, a escritora ainda guardou para um próximo livro uma série de entrevistas com memorialistas e outras pessoas que viveram a história de Joinville. A ideia é contar como foi o desenvolvimento dessas ruas ao longo do século 20.
Confira curiosidades sobre algumas ruas:

Rua Nove de Março (fim do século 19)
A atual rua Nove de Março pode ser considerado o mais antigo caminho de Joinville. Ele segue o traçado do Jurapé, uma picada de caçadores encontrada aberta por Jerônimo Coelho três anos antes da fundação da Colônia Dona Francisca. O engenheiro esteve no local para demarcação das terras da princesa Dona Francisca.
Continua depois da publicidade

Rua do Príncipe (fim do século 19)
A rua do Príncipe era o caminho para a olaria situada no alto de um morro, que já foi aplainado. Era um centro de poder na colônia porque ao longo do século 19 dava acesso à sede da direção da Colônia, à sede do Domínio Dona Francisca (a Maison Joinville, ou palácio dos príncipes, onde hoje fica o Museu Nacional de Imigração e Colonização) e à Intendência Municipal (próximo à atual praça Nereu Ramos), onde ficava o poder público municipal.

Rua das Palmeiras (em 1903)
A historiadora Elly Herkenhoff revela em seu livro “Era uma vez um simples caminho…” que o príncipe de Joinville, François Ferdinand Philip, ao pisar em solo brasileiro pela primeira vez, em 1838, teria observado a variedade de palmeiras existentes e exclamando: “por toda parte o coqueiro, minha árvore favorita”. Para regar as palmeiras, que a princípio não se desenvolveram satisfatoriamente, Frédéric Brüstlein utilizava água do mar, trazida diariamente pelo vapor Babitonga, que na década de 1880 fazia o percurso diário entre Joinville e São Francisco do Sul.
Veja as ruas incluídas no livro:
Rua do Príncipe
Rua das Palmeiras
Rua Princesa Isabel
Rua Visconde de Taunay
Rua Dr. João Colin
Rua 9 de Março
Rua 15 de Novembro
Rua Abdon Baptista
Rua Jerônimo Coelho
Rua Padre Carlos
Rua Jacob Richlin
Rua Engenheiro Niemeyer
Rua Marinho Lobo
Rua 3 de Maio
Rua Ministro Calógeras
Rua Jaguaruna
Rua dos Ginásticos
Rua 7 de Setembro
Rua Itajaí
Rua Pedro Lobo
Rua Blumenau
Rua Mário Lobo
Rua Senador Felipe Schmidt
Rua Henrique Meyer
Rua Colon
Rua Marechal Hermes
Rua Aubé
Rua Otto Boehm
Av. Cel. Procópio Gomes de Oliveira
Av. Getúlio Vargas
Rua São Joaquim
Rua Rio Branco
Rua Luiz Niemeyer
Rua Alexandre Döhler
Rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira
Rua Alexandre Schlemm
Rua Plácido Gomes
Rua Dona Francisca
Rua Max Colin
Rua Afonso Pena
Rua Padre Kolb
Rua Inácio Bastos
Rua Santos
Rua Cel. Francisco Gomes de Oliveira
Rua São Paulo
Rua Lages
Av. Juscelino Kubitschek
Rua Tijucas
Leia também:
Quanto custaria para asfaltar todas as ruas sem pavimentação em Joinville
Continua depois da publicidade
Por que o déficit do asfalto em Joinville pode ser superior aos 652 km oficiais
O que falta para a conclusão de 5 grandes obras no trânsito de Joinville
Prefeitura de Joinville lança edital para construção da ponte da Aubé