Daniel Mafra ainda não abandonou completamente o desejo de seguir a carreira de ator. Mas atualmente, aos 23 anos, convive com as luzes, o público e os aplausos de outra maneira.
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Formado em Relações Públicas na Univali, o brusquense aplica os conhecimentos à frente de uma das marcas mais badaladas do país, a catarinense Colcci – também estão sob sua mira a Coca-Cola Clothing, Sommer e Carmelitas, todas do Grupo AMC Têxtil.
Passada a catarse da última apresentação da grife na São Paulo Fashion Week, batemos um papo sobre Gisele Bündchen, Ashton Kutcher e críticas de moda.
Diario Catarinense: Como você foi escolhido para trabalhar na Colcci?
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Daniel Mafra: Quando eu tinha 15 anos fui para Buenos Aires estudar teatro e, quando voltei, tentei mais um tempo a área de artes cênicas, fiz alguns cursos no Rio e em São Paulo. Mas aí decidi voltar para Santa Catarina, para fazer um curso que não tivesse nada a ver com teatro. Sei lá, tentar outra área. Aí apareceu Relações Públicas na Univali, e eu fui fazer. Um tempo depois abriu uma vaga de estagiário na Colcci e estou lá até hoje. Já são seis anos.
D.C: E o seu futuro com no mundo das artes cênicas?
D.M: Ainda não desisti. Estou há mais ou menos um ano e meio sem atuar. Só que eu atuo desde os seis anos. Está na veia, eu amo teatro. Hoje, eu faço dos meus desfiles um verdadeiro show. As modelos são as minhas atrizes, o figurino é a roupa da Colcci, a gente tem a nossa luz. Isso pra mim é o grande palco.
D.C: Como foi a decisão de trocar a übermodel Gisele Bündchen pelo ator Ashton Kutcher?
D.M: A gente sempre imaginou uma despedida da Gisele, sempre nos deparamos com isso como um problema. Acho que ter uma marca em qualquer segmento e ter a imagem relacionada à Gisele é sucesso garantindo. O retorno que ela traz, tanto em imagem quanto de vendas, é surreal. Não tem como comparar uma celebridade brasileira à ela, não existe, é impossível. Mas chega o momento da despedida.
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D.C: Dizer que tudo o que ela toca vira ouro está correto?
D.M: Sim, é verdade. É incrível o poder que a Gisele tem. As peças que ela usava nos desfiles sempre eram as mais vendidas, o que ela mostrava aparecia mais em editoriais. Ela ofereceu pra gente uma proposta pra continuar, começamos a negociação, mas percebemos que talvez fosse a hora de mudar. A primeira coisa que decidimos era que seria um homem. E há mais ou menos dois ou três anos eu já pensava no Ashton.
D.C: Como foi o convívio com o Ashton Kutcher?
D.M: Eu tive um contato muito bom com ele. Acho que fui uma das pessoas da marca que mais falou com ele. Não tenho vergonha de celebridade, gosto de tratá-las normalmente. No hotel conversamos e trocamos uma ideia bem legal. Eu fiz questão de levá-lo até a boca de cena – fazia isso sempre com a Gisele.
D.C: O momento do desfile é uma grande loucura, né?
D.M: Esse foi especial. Eu queria usar aquele negócio do Big Brother que registra os batimentos do coração para monitorar. Foi o primeiro desfile, e não tenho vergonha de falar pra ninguém que eu chorei no final. Fiquei muito emocionado com o resultado, apesar de todo esse lance de vaias para eles (quando Ashton e Demi Moore chegaram à Bienal foram vaiados pelos fotógrafos).
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D.C: Os críticos de moda pegam no pé da Colcci desde sempre. Como a marca vê isso?
D.M: Primeiro de tudo, eu sempre aceitei as críticas. O que não aceito é uma pessoa fazer uma crítica negativa demais para se promover em cima da nossa marca. A moda no Brasil ainda é uma patotinha muito fechada, difícil de entrar. A gente ainda é visto por essa turma como a marca cafona do Sul, o povo caipira. Mas aos poucos eles começaram a engolir porque os caipiras compraram a Sommer, que era do Marcelo, um estilista super de vanguarda. Depois compramos as marcas do Grupo TD, que era do Tufi Duek. O que eu quero é o mínimo de respeito.
D.C: O Ashton volta na próxima coleção?
D.M: Olha, isso é um segredo.
D.C: O que você quer para o futuro?
D.M: Eu quero continuar crescendo junto com a Colcci. Não quero chegar aos 30 anos nesse ritmo, porque é muita loucura. É um universo cansativo. Para mim, é a realização de um sonho conhecer pessoas deste nível e trabalhar com elas.