O menino Roy começou nos cadernos do colégio a descobrir que os traços, nos ângulos certos, poderiam fazer surgir paisagens fantásticas. Por mais de 40 anos ele transformou cores e linhas em cenários mágicos. Era um matemático da poesia visual. Nesta sexta-feira, as cores se enfraqueceram e as linhas se entortaram com a morte do artista Roy Kellermann.

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Aos 70 anos, ele passou mais de 60 dias na UTI com complicações renais, resultado de uma crise hepática em dezembro do ano passado. O sepultamento está marcado para as 11h30min deste sábado, no cemitério da Igreja Luterana, no Centro. Nascido em Blumenau, Roy descobriu dois ofícios praticamente ao mesmo tempo no fim da década de 1960. Virou artista ao começar seus estudos com cores e formas e também comercializava antiguidades. Participou de dezenas de exposições ao longo da carreira e era reconhecido como uma figura de olhar contemporâneo por seus pares.

O traço era característico e ao ordenar geometricamente cores e linhas, Roy brincava com a ilusão de ótica. O classificavam como neoconcretista, mas ele fez nascer seus quadros de forma espontânea, criou o próprio estilo. Transformava as paisagens, brincava com perspectivas a partir do plano real. Foi assim que tornou-se um dos maiores artistas do Estado.

– Ele está para sempre na história na arte de Santa Catarina. Mais do que isso, ele foi um dos construtores da arte no Estado – aponta a diretora do Museu de Arte de Santa Catarina, Lygia Helena Roussenq Neves, amiga do artista há mais de 30 anos.

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Amigo de Roy há 14 anos, o artista plástico e ex-presidente da Associação Blumenauense de Artistas Plásticos (Bluap) Everton Duarte sintetiza a perda em uma frase:

– Blumenau ficou mais burra. É isso que eu tenho a dizer. É uma perda imensurável, as pessoas não fazem nem ideia. O que acontece quando um dos pilares de uma casa cai? A casa desmorona. E o Roy era um dos pilares da arte em Blumenau – explicou, emocionado.

Roy era casado com a professora de música Noemi Kellermann há quase 40 anos. Juntos, formavam um dos casais mais populares do cenário artístico blumenauense.

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