Falta pouco para a chegada oficial do verão, mas o sol já brilha forte e não dá trégua para quem anda desprotegido. Nas atividades ao ar livre, cresce o número de adeptos a roupas com fator de proteção solar e mais empresas buscam certificação de órgãos reguladores. Quem já está no mercado há mais tempo, tem crescido acima dos 20% ao ano.

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Em Içara, no Sul do Estado, a New Griff começou a investir nas roupas com proteção há uma década. Com produção para grandes marcas de todo o Brasil, Rodrigo Jucoski Colombo diz que a demanda partiu de um cliente de roupas para a área da saúde:

– A gente produzia luvas para pós-operatório e essa empresa nos pediu outras peças. Há seis anos a linha cresceu e se tornou o carro-chefe. Hoje são 12 marcas de moda praia com a tecnologia.

Das roupas do portfólio – mais de 100 mil peças produzidas ao ano –, 60% têm proteção solar.

O que garante que o tecido filtre os raios são gramatura, espessura e composição do fio, além da trama. Todos os materiais passam por análise baseada nas diretrizes da Agência Australiana de Proteção à Radiação e Segurança Nuclear (Arpansa), referência no assunto desde 1996. No Brasil, o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Cetiqt) do Senai, no Rio de Janeiro, também faz as análises.

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No Vale do Itajaí, a Texneo, especializada em sportwear, aposta no segmento. O diretor de mercado Johnny Francis Gaulke reforça que a tecnologia não se desgasta com a lavagem e a ação protetora se estende pela vida útil do produto. A marca tem mais de 100 produtos com proteção UV50+.

Segundo o Senai Cetiqt, entre 2015 e 2016, os pedidos por análise dos tecidos cresceram 64,6%, passando de 339 para 558. Até outubro deste ano houve 505 avaliações.

– No Brasil não existe um selo de certificação. O Senai Cetiqt estuda o desenvolvimento de um para ajudar a proteger o consumidor e vincular a confiança dele à qualidade e à eficácia do produto – projeta Rodrigo Maracajá, coordenador de serviços laboratoriais do órgão.

Dermatologista afirma que peças servem como barreiras

Óculos, chapéu, camiseta, guarda-sol. Qualquer barreira mecânica ajuda a proteger dos raios UVA e UVB, explicam os especialistas. Enquanto o primeiro raio ultravioleta atinge as camadas mais profundas da pele, responsáveis pelo bronzeado, mas também pelo envelhecimento, os raios do tipo B ficam na parte mais superficial, causam queimaduras e vermelhidão.

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O UVA também tem a capacidade de ultrapassar as nuvens e, por isso, é recomendável se proteger também em dias nublados.

A dermatologista Angela Lapoli explica que nenhuma medida garante 100% de proteção, por isso os acessórios e o filtro solar são indispensáveis. Para as crianças, que entram na água a todo instante, ou para quem pratica esportes, utilizar uma roupa com proteção UV torna as atividades ao ar livre menos arriscadas.

– A roupa já é uma barreira mecânica à radiação ultravioleta, mas a proteção maior ou menor depende do tipo de tecido, cor, trama. Ela funciona como uma opção a mais – explica Angela.

Verão exige atenção redobrada

Entre as 10h e 16h, horário em que os médicos pedem que as pessoas evitem o sol, 80% dos raios UV são emitidos, inclusive na sombra. Segundo o meteorologista Leandro Puchalski, ao meio-dia a radiação atinge o índice extremo. Em dias de verão e céu limpo, os raios podem chegar a 14 ou 15 pontos, em uma escala que vai até 17. Além disso, na praia, a areia pode refletir até 30% da radiação que incide numa superfície.

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– Esse fenômeno aumenta a quantidade de energia UV disponível em um alvo, que pode ser uma pessoa, localizado sobre esse tipo de solo, aumentando ainda mais os riscos de exposição ao sol. Importante destacar que esses raios são benéficos para o nosso planeta, o problema é o excesso deles – explica Puchalski.

A jornalista de Criciúma Giselle Tiscoski passou a cuidar mais dos horários e do excesso de sol depois que os filhos nasceram. Desde bebês, Ian, de sete anos, e Noah, de dois, vão à praia. As roupas com proteção solar são aliadas, pois as crianças resistem a passar o protetor a cada mergulho.

– Eles ficam muito na água e teria que reaplicar [o protetor] a cada meia hora. Com as roupas eles estão mais protegidos – acredita Giselle.