Até abril, o número de roubos de veículos em Joinville cresceu 47% neste ano se comparado com o total das ocorrências registradas no mesmo período do ano passado. Dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp) mostram que, nos primeiros quatro meses de 2017, a Polícia Civil registrou 261 boletins de ocorrência dessa natureza. Em média, são 2,1 assaltos contra motoristas por dia. Em 2016, quando somaram-se 640 casos, foram 184 nos primeiros quatro meses do ano.
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O número de registros em Joinville é o dobro do de Florianópolis. Na Capital, os dados apontam 127 ocorrências até abril de 2017. Se for comparada com Blumenau, Joinville tem seis vezes mais roubos de veículos. A cidade do Vale do Itajaí computou 42 boletins de ocorrência no mesmo intervalo de tempo.
Já os casos de furto caíram 9,3% neste ano na comparação com o ano passado. Em 2017, entre janeiro e abril, 488 crimes foram registrados na cidade, contra 538 em 2016. Durante todo o ano passado, foram 1.726 furtos. Os crimes de roubo e furto se diferem pela forma de agir dos criminosos. No roubo, o bem é subtraído mediante violência ou grave ameaça; já no furto não é utilizado violência.
Para o comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar de Joinville, tenente-coronel Jofrey Santos Silva, ¿a atividade tem migrado¿. Pela facilidade neste tipo de crime, ele acredita que os bandidos têm deixado de furtar e passado a roubar. É que nestes delitos o criminoso não precisa ter conhecimento em sistemas de alarme e antifurto como em crimes de furto, explica o comandante.
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– Hoje, está muito mais vantajoso roubar do que furtar – afirma.
– Para fazer assalto, basta uma arma. E é muito mais prático, muito mais rápido, muito mais interessante, na medida que as punições necessárias para estes casos não têm sido aplicadas de maneira célere – defende.
Transtornos para as vítimas
Cada uma das centenas de vítimas listadas deve ter sofrido com um sentimento parecido com o que o casal Tamiris Santos de Oliveira, 30 anos, e Agnum Antunes, 32 anos, teve quando viu as economias de anos de trabalho desaparecerem em uma noite. O carro dos dois foi furtado na rua Rio do Sul, bairro Bucarein, área central da cidade, no último dia 10 de junho. Por volta das 22 horas, Agnum – que é vigilante em uma casa noturna – deixou o carro estacionado na via para trabalhar. Quando retornou ao local, às 5 horas, o carro havia desaparecido.
– Você junta dinheiro durante anos para comprar um carro e ajudar na rotina da família, para, em uma noite, ele ser levado… É desesperador – lamenta Tamiris, que também precisa do veículo com frequência.
Ela passou recentemente por uma cirurgia na coluna e utiliza o carro para se locomover para as sessões de fisioterapia. Após a noite do furto, o casal registrou o boletim de ocorrência na Polícia Civil e passou a compartilhar fotos do carro nas redes sociais para tentar encontrá-lo.
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Dois dias após o incidente, receberam uma ligação informando que um veículo parecido com o do casal havia sido abandonado na rua Agulhas Negras, no bairro Jarivatuba, na zona Sul, bem próximo à casa dos dois. O carro foi devolvido pela polícia cinco dias após ser furtado. Tamiris e Agnum ressaltam que, mesmo que o veículo tenha sido localizado rapidamente, a ansiedade causou muitos transtornos.
– É uma sensação de desespero, não dá para explicar. Na hora, pareceu que meu mundo havia acabado, eu fiquei umas três noites sem dormir – lamenta.
O carro foi recuperado com várias peças faltando. Mesmo assim, eles comemoram a recuperação do veículo. O casal veio morar em Joinville há dois anos para fugir da violência que viam no Nordeste do País.
– Há 12 anos saímos de Recife para morar em Joinville, uma cidade tranquila. É muito triste ver como a cidade está ficando violenta – completou Agnum.
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Medidas tomadas para conter a criminalidade
Assim como o comandante Jofrey, a Polícia Civil também aposta em ações diferenciadas para conter a ocorrência de crimes. O delegado José Danezi Neto aposta numa reorganização da delegacia, que inclui o aumento de medidas cautelares e do número de prisões para diminuir a quantidade deste tipo de delito. Apesar de não apresentar estatísticas, ele afirma que o número de roubos tem diminuído. No fim deste ano, ele deve apresentar os números que comprovam sua afirmação.
– A 2ª DP tem começado uma reorganização, tanto administrativa quanto operacional, neste primeiro semestre de 2017. Quanto aos números, é natural que sejam mais altos. Mas o fato é que a 2ª DP está se reorganizando, se reagrupando e intensificando o seu trabalho da forma mais concentrada possível. Justamente em razão destes números que estão aí, eu tenho procurado estabelecer o máximo possível de parceria, de concentração de esforços com as delegacias especializadas e com a Polícia Militar – defende.
A demanda é muito grande, diz o delegado. Dos 1,5 mil boletins de ocorrência de diversos tipos de crime registrados na delegacia, 400 estão sendo analisados.