Todo os dias acontecem furtos de fios de cobre na Servidão Elvira Schmidt Goedert, no Bairro Campinas, em São José. A rua, de pouco mais de 30 metros de extensão, com residências simples dos dois lados, virou alvo de um negócio perigoso, que aos poucos parece atingir o bolso de moradores e comerciantes das margens da Via Expressa (BR-282).

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A servidora Damaris Bohm, que acordou sem energia elétrica em casa na terça-feira, percebeu na hora.

– Roubaram o fio para comprar crack – concluiu Damaris, que mora no local há 13 anos.

Bastou chegar à frente da residência de dois pisos para constatar o fio cortado, sem um pedaço de 4m, que ligava o circuito da casa à rede de abastecimento da Celesc. Para religar a energia, Damaris teve de desembolsar R$ 30 em um cabo novo.

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Recentemente, a mesma situação aconteceu em outras cinco casas da servidão. Na manhã de ontem, o aposentado Manoel da Silveira ficou sem luz.

– Moro aqui há 52 anos. Não se vê polícia, não se tem segurança. Tive de pagar R$ 70 reais para religarem a energia – disse Manoel.

Crime é frequente

O titular da 3ª Delegacia de Polícia do Kobrasol, Robson Giovani da Silva, informa que este é um crime cíclico e frequente, praticado em mais de 90% dos casos por usuários de crack. Eles revendem o material para ferros-velhos e recicladoras, ao preço médio de R$ 12 o quilo.

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A Polícia Civil não tem estatísticas sobre os furtos de fios de cobre, pois as ocorrências são incluídas nos dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) como furto simples ou qualificado (quando há arrombamento), sem especificação do material.

Um caso para cada dia do ano

Na falta de estatísticas, o trabalho diário da Celesc na recolocação dos fios indica a dimensão do problema. O chefe da Divisão Técnica, Adriano Luz, diz que a média de pedidos de religação por furto ou corte de fios da rede é de um por dia.

Adriano informa que 70 % dos casos ocorrem nos bairros Campinas e Barreiros, em São José, e Capoeiras, na Capital. Para diminuir o interesse dos criminosos, a empresa tem trocado o cobre por fios com isolação ou de alumínio, que têm menor valor.

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O comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar, Guesser Vieira, promete investir contra estes delitos nos próximos dias, inclusive com investigação sobre os locais que estão comprando o produto do furto, o que caracteriza receptação. Ele anuncia que serão intensificadas as rondas na região.

Os riscos do cobre

A prisão não é a única ameaça para quem furta cobre. Sem qualquer proteção, os criminosos arriscam a vida, expostos a grandes alturas ou choques fatais. Na madrugada de ontem, dois rapazes que invadiram um galpão pelo telhado, no bairro Campinas, foram detidos com 1 kg de cobre. Um deles sofreu uma queda e precisou ser encaminhado, com diversas fraturas, ao Hospital Regional.

Há duas semanas, policiais do 22º Batalhão de Polícia Militar foram chamados para uma ocorrência envolvendo ladrões de cobre, no bairro Capoeiras, em Florianópolis. Um rapaz teve o braço decepado por um choque, em decorrência de um curto-circuito. O sujeito, que não teve a identidade revelada pela polícia, teria cortado o fio de alta tensão com um alicate.

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