Quando uma pessoa recebe o diagnóstico de HIV, o processo para lidar com a notícia pode ser considerado muito parecido com o do luto. Foi assim que José Antônio, de 26 anos, morador de Florianópolis se sentiu após receber o diagnóstico positivo em 21 de outubro de 2020.
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Atualmente, ele leva uma vida saudável após o tratamento contínuo, e possui carga viral indetectável. No entanto, ele garante que se acostumar com a ideia não foi algo fácil.
— No começo não foi nada fácil, principalmente pelo contexto da pandemia, lidar com um vírus diferente do que todo mundo estava lidando. Tive muito suporte psicológico, e os primeiros meses foram bem difíceis. Por mais que eu estivesse indetectável logo no início do tratamento, demora para a gente se acostumar. Mas hoje levo uma rotina como qualquer outra pessoa — conta.
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O jovem recebeu o diagnóstico após pedir acesso a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em um posto de saúde da Capital. Pela rotina, é necessário a execução de um teste rápido. Caso dê positivo, é necessário que o paciente assine assine documentações destinadas para pessoas que vivem com HIV.
A partir disso, em Florianópolis, a diretriz é de que uma pessoa recém diagnosticada com o HIV inicie o tratamento no mesmo dia ou em até sete dias, se a avaliação clínica permitir. José conta que logo naquele momento foi encaminhado para uma consulta com uma infectologista.
— Tive a sorte de ter uma médica infectologista de plantão no postinho. Ela me explicou sobre tudo que era necessário sobre a infecção. Logo em seguida, fui encaminhado para uma consulta com a farmacêutica, onde ela me falou sobre a medicação e como deve ser tomada. No dia, já sai com os remédios necessários e em duas semanas eu já estava infectável — afirma.
Métodos de prevenção e tratamento em Florianópolis
José é apenas um dos exemplos dentre tantas histórias na capital catarinense. Por isso, Florianópolis oferece diversas opções de prevenção e tratamento de forma gratuita nas redes de saúde da cidade.
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Testagem
A testagem de HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) é indicada como rotina para todas as pessoas que possuem vida sexualmente ativa, devendo ser realizada pelo menos uma ou duas vezes por ano. Em casos de práticas de risco, como relações sexuais sem preservativo, esse exame deve ser feito com mais frequência.
É possível ter o diagnóstico por meio de testes rápidos ou exames laboratoriais. Os exames estão disponíveis nos Centros de Saúde e podem ser agendados por meio do Alô Saúde Floripa (0800 333 3233) ou diretamente com a equipe de Saúde da Família na unidade de referência. Também é possível realizar os testes nos três Centros de Testagem e Resposta rápida (CTRr), localizados nas respectivas Policlínicas. O agendamento pode ser feito preenchendo o formulário ou entrando em contato pelo WhatsApp:
- CTRr Centro: (48) 99121-5517 ou (48) 99111-7102
- CTRr Continente: (48) 99959-3242
- CTRr Norte: (48) 98849-4499
A Prefeitura de Florianópolis oferece preservativos externos e internos, e gel lubrificante gratuitamente em qualquer unidade de saúde do município.
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Autoteste de HIV
Residentes de Florianópolis podem solicitar autotestes de HIV para receber pelos Correios através do site. Eles também podem ser retirados gratuitamente nas farmácias de todos os Centros de Saúde e Policlínicas. Cada pessoa pode levar até cinco autotestes para si e para entregar para parceiros, amigos e familiares.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Florianópolis, em 11 meses, a distribuição de testes em 2024 já superou 2023. O aumento foi de aproximadamente 60% em comparação ao mesmo período do ano passado, saltando de 13.504 unidades distribuídas, para 21.600 até a última semana de novembro de 2024.
Tratamento para HIV
Pessoas que vivem com HIV podem iniciar o tratamento e realizar cuidados de rotina no Centro de Saúde com médicos da família e enfermeiros, sendo possível escolher em qual unidade irá realizar o acompanhamento. Situações de maior vulnerabilidade e complexidade contam com apoio da equipe de enfermeiros e infectologistas dos CTRr/Policlínicas.. Para conhecer os serviços dos CTRr, basta acessar o site.
Tratamento de HIV pelos Correios
Em parceria com o Projeto A Hora é Agora, os pacientes podem solicitar a entrega de medicamentos para pessoas vivendo com HIV pelos Correios, de forma sigilosa, no endereço escolhido. Florianópolis foi a primeira cidade do país a oferecer esse serviço de forma oficial pelo SUS. Para acessá-lo, a pessoa pode entrar em contato pelo WhatsApp através do número: (48) 9 9177-2669.
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Cerca de 2 mil pessoas vivendo com HIV já utilizaram o programa A Hora é Agora. Atualmente, em torno de 110 recebem o tratamento pelos correios a cada mês.
Utilização da PrEP
A PrEP está disponível pelo SUS desde 2018 e pode ser usada a partir dos 15 anos. Ela garante a proteção contra o HIV, mas não contra a sífilis e outras IST. Para iniciar a PrEP, é preciso agendar o atendimento através do site.
Tratamento
Se uma pessoa tiver uma relação sexual desprotegida, seja porque não usou o preservativo ou porque ele rompeu, ela pode fazer uso da Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) em até 72 horas para prevenir a infecção pelo vírus. O tratamento é um comprimido que deve ser tomado durante 28 dias, e está disponível nos Centros de Saúde ou UPAs 24h. Para saber onde buscar o mais rápido possível a PEP, a pessoa pode ligar no Alô Saúde Floripa 0888 333 3233.
Além de todos esses cuidados, os Centros de Testagem Rápida ofertam aos pacientes, de forma sigilosa e anônima, o aviso para os parceiros sexuais. A pessoa é livre para escolher opções diversas de comunicação para que elas façam o teste de HIV.
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Preconceito é apenas mais uma barreira na vivência
José Antônio afirma que, durante os quatro anos desde o diagnóstico, sofreu preconceitos por ser uma pessoa que convive com o vírus, mas que depois de certo tempo isso deixou de o abalar.
— A gente cria uma “casca meio grossa” contra o preconceito, já ouvi que sou uma pessoa suja, que sou uma pessoa promíscua, que se eu morresse a comunidade LGBT estaria vencendo. Mas isso deixou de me afetar. Eu acho que a gente carrega uma história muito bonita de sobrevivência da crise da Aids dos anos 1980, e esse preconceito é datado de uma reprodução heteronormativa dessa época — reflete ele.
De acordo com ele, se as pessoas pesquisassem mais e dessem voz para pessoas com HIV, o preconceito iria diminuir.
— Permitir com que a gente fale e permitir que a gente continue compartilhando as nossas histórias facilita também as pessoas recém diagnosticadas a se aceitarem — afirma.
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