Experimente sair do litoral, quase na ponta sul de Santa Catarina, e adentrar um pouco no mapa: as cidades mais ao interior, que surgem no acesso à Serra Catarinense, têm tantos extremos que, às vezes, fica até difícil acreditar que se está tão próximo ao mar.

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Se a charmosa Nova Veneza é a terra dos italianos, São Martinho mantém vivas as tradições dos descendentes de alemães, com cerca de 10 mil turistas por mês. Enquanto Gravatal encanta pelas águas hidrominerais, diferentes de qualquer outra água termal do país, Urussanga tem vinícolas e a produção de vinho artesanal provenientes da uva Goethe – são mais de 20 só na cidade.

Nova Veneza, São Martinho, Gravatal e Urussanga são apenas exemplos do que se encontra por lá. São cidades menores e menos conhecidas que as badalados Imbituba, Garopaba e Laguna, mas que, tanto quanto elas, reservam boas surpresas a quem se arrisca a visitá-los.

São Martinho

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Não se engane com São Martinho: a segunda menor cidade da região é uma das mais ricas em turismo rural e religioso do Estado. É quase impossível contar quantas cachoeiras e quedas d?água cercam o município. Igrejas, grutas e pontos de romarias também. E pousadas típicas do campo.

A mais conhecida delas, Salto das Águas, está instalada em meio à mata nativa e belas cascatas. A maioria, porém, fica no distrito de Vargem do Cedro, famoso por centralizar boa parte dos atrativos da cidade. A 10 quilômetros do Centro, o local sedia a Igreja Matriz São Sebastião, cujo altar foi construído a mão por um catequista, e a primeira casa comercial da região, a Geschäfthaus Feuser, construída em 1910 e ainda em funcionamento, vendendo artesanato, mel, bolachas, licores e geleias. É lá que também está a famosa fábrica de bolachas artesanais Fluss Haus, que aos fins de semana serve café colonial. Para Vargem do Cedro, parte do caminho é em estrada de chão com boa manutenção. A primeira parada é no Salto do Rio Capivara, uma cascata que é possível ver da estrada. Seu acesso fica junto ao restaurante de mesmo nome, que serve comida colonial caseira e típica germânica. Aproveite para almoçar, já que há poucas opções pela região.

Vargem do Cedro reforça a fama do município de ser a capital nacional das vocações. Só de lá já saíram cerca de 40 padres. A seis quilômetros dali está a localidade de São Luís, já no território de Imaruí. A minúscula comunidade virou santa porque, há 81 anos, foi lá que aconteceu a violenta morte de Albertina Berkenbrock. A menina, que ficou mundialmente famosa após ser beatificada pelo Papa, foi assassinada aos 12 anos ao se defender de um estupro. Não há muito o que se fazer por lá, mas religiosos não podem descartar a visita: há a igreja, o túmulo e até a capela construída no exato local onde ela foi morta.

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Gravatal

Na cidade das águas hidrominerais, o bairro batizado de Termas do Gravatal é mais famoso e movimentado do que o próprio Centro. Há turistas, inclusive, que pensam se tratar de duas cidades diferentes. Mas a confusão é justificável: o parque de uma das águas termais mais famosas do país – é mineral, terma e radioativa – reúne gigantes em torno de si.

Quatro hotéis exploram isso: há balneários e parques aquáticos, abertos até para quem não se hospeda no local – a compra de um Day Use oferece essa oportunidade, inclusive de desfrutar de toda a estrutura dos lugares. No Hotel Internacional, por exemplo, as águas quentinhas estão por todos os lados: na torneira, nas piscinas e em banheiras instaladas dentro dos quartos ou nos tratamentos com argila do spa.

No entorno, há quase um shopping a céu aberto – tudo muito próximo entre si e dos hotéis, o que permite um passeio a pé ou nas charretes oferecidas pelas ruas. São cerca de 170 lojas, a maioria com fabricação própria e preços mais baixos do que o normal: há casacos longos por R$ 75, calças femininas de montaria por R$ 17,90 e calças jeans masculinas por R$ 49.

Mas há muito mais para ver na cidade além do Termas do Gravatal. No bairro ao lado, o São Miguel, está a mais bela vista da cidade. Ao subir o morro, a quatro quilômetros, chega-se ao mirante Tataiware, de onde se avistam os paredões da Serra do Rio do Rastro.

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Há também a gruta de Nossa Senhora da Saúde e duas propriedades rurais da Acolhida na Colônia, que oferecem uma imersão na vida do campo.

Nova Veneza
A cidade que carrega o nome da sua irmã italiana inspira-se em muitos detalhes lá do outro lado do Atlântico: nomes de lojas, placas de sinalização em duas línguas, casas típicas. Uma gôndola veneziana que enfeita o coração de Nova Veneza, na Praça Humberto Bortoluzzi, é talvez o mais evidente exemplo disso: trata-se de uma das quatro gôndolas fora da Europa. É impossível não se encantar. Mas não planeje nada mais do que fazer fotos: amarrada a cordas, ela descansa em um pequeno lago artificial, sem a possibilidade de passeios.

Nova Veneza oferece atrações o ano inteiro. Na segunda quinzena de junho acontece o mais famoso baile de máscaras a céu aberto fora da Itália, o Carnevale di Venezia. Mascarados e fantasiados, moradores e turistas do país inteiro invadem as ruas da cidade e uma verdadeira indústria de máscaras ganha fôlego. É possível até levar uma delas para casa, em tamanho original ou miniatura: estão à venda no Centro de Informações Turísticas e, agora, na mais nova loja local, a Leve Nova Veneza, única a comercializar suvenires. Lá é possível encontrar também canecas, camisetas e ímãs de geladeira, reunindo o trabalho de seis artesãos locais.

O município está servido de bons hotéis. O mais novo, Bormon, inaugurado há dois meses, oferece 32 apartamentos. Dali é possível visitar um ponto histórico: as casas de pedra, construídas há 121 anos por um casal de imigrantes italianos recém-chegado ao Brasil. Uma trilha de 1,2 quilômetro, aberta há duas semanas, liga o hotel até lá e é uma nova alternativa de acesso ao local. É preciso agendar a visita.

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Nova Veneza é também acesso a um dos principais pontos turísticos do município de Siderópolis: a Barragem do Rio São Bento fica próxima dali, a apenas oito quilômetros, e tem o acesso todo em asfalto. Na entrada principal chega-se ao lago, mas se você seguir em frente, por uma estrada de chão, poderá ver de perto a mais bela e curiosa paisagem do local: as torres da Igreja. Assim como em Itá, a vila que ficava ali foi invadida pela água e só o que sobrou foi a parte alta do templo religioso, emoldurada pelos paredões que formam os cânions, ao longe.
Proposta de viagem: de São Martinho a Nova Veneza, passando por Gravatal. Total: 183 quilômetros. Tempo ideal: mínimo de dois dias.

Prefixo: (48)
Centro de Informações Turísticas de Nova Veneza: 3436-5173
Distâncias até Nova Veneza
Chapecó ………………….. 526 km
Florianópolis …………….. 217 km
Joinville …………………… 375 km
2 atrações de Urussanga
Quatro das maiores vinícolas da cidade recebem visitantes para degustação. É o roteiro de enoturismo, com agendamento obrigatório na Associação dos Produtores de Uva e Vinho Goethe (Progoethe), na antiga Estação Ferroviária. Rua Dona Lúcia Delfino da Rosa, 150. 3465-6238.

Não deixe de visitar a Igreja de São Gervásio e São Protásio, que completa cem anos em 2012. É toda de pedra, construída pelos imigrantes italianos. Fica na localidade do Vale do Rio Maior, que também sedia outras edificações históricas. Só por agendamento: 3465-1664.

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Feira do Produto Colonial, em São Martinho, com bolachas da Fluss Haus e comida germânica. Dom., 9h/19h, no Pavilhão do Produto Colonial,
no Centro.