Além dos fatos históricos relatados nos livros, como a conhecida Novembrada, o Centro Histórico de Florianópolis tem narrativas de crimes, acontecimentos sobrenaturais e segredos de famílias influentes até hoje guardados a sete chaves. Nesta sexta-feira 13 de lua cheia, um grupo de curiosos aceitou o desafio e acompanhou a personagem Dona Matilda Augusta, uma respeitosa viúva dos anos 1980, em um passeio noturno para ouvir um poucas destas histórias macabras.
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O ponto de partida foi a Catedral Metropolitana, onde a viúva se apresentou ao grupo. De lá, todos partiram para a Praça XV e pararam em frente ao monumento em homenagem aos voluntários catarinenses que lutaram na Guerra do Paraguai. Enquanto ouviam um pouco da história, a alma de um soldado apareceu em meio ao grupo, oferecendo uma vela para os participantes, que são prontamente alertados pela viúva a não aceitar.
No Palácio Cruz e Souza, ela avisa para tomar cuidado, e garante que há quem ainda veja perambulando pelo local uma mulher de vestido azul depois das 18h. Para quem curte histórias de amor com fim trágico, Matilda relata a da noiva que foi abandonada no dia do casamento e correu da Catedral até o prédio rosa onde hoje funciona as lojas Marisa para flagrar o noivo com outra. Ao sair do local desesperada, rolou da escada e faleceu, porém até hoje assombra o prédio:
— Ela aparece principalmente para as mulheres que estão sendo traídas, como um alerta para elas — disse.
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No prédio na esquina da Conselheiro Mafra em que atualmente funciona um banco, existiu a primeira Alfândega da Capital, que ruiu em uma grande explosão, matando várias pessoas, e nunca se soube a causa. Um pouco mais a frente, na mesma rua, no prédio da Casas Bahia, já funcionou o Hotel do Comércio, hospedando figuras ilustres da época. Foi nele que morreu o famoso flautista Patápio Silva antes mesmo de se apresentar no TAC, em 1907, não se sabe se envenenado ou por decepção amorosa por uma italiana deslumbrante que visitava a cidade na mesma época.
No final do roteiro, Matilda faz o alerta antes de o grupo dispersar: “Cuidado para a procissão dos mortos não alcançar vocês!”.
A manezinha Ariane Araújo, 25 anos, participou com o namorado do roteiro cultural e adorou a experiência:
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— Gostei muito, é bom valorizar a cultura local, foi muito surpreendente ouvir as histórias — disse.
Histórias reais
As histórias relatadas fazem parte do roteiro Floripa Misteriosa, criada pelo grupo de historiadores Floripa Dazantiga – Roteiros Culturais. A viúva Matilda é Pauline Kisner, historiadora e uma das idealizadoras do tour. Ela conta que todas as narrativas são reais, fruto de quase seis meses de pesquisas em jornais de época, relatos orais dos mais antigos e arquivos do judiciário.
— Encontramos mais de 40 histórias, porém não podemos citar nomes e nem contar todas, pois alguns crimes foram muito terríveis, e também temos crianças no grupo — explica.
A ideia de criar um roteiro surgiu quando Pauline participou de um tour no cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, somente com contos macabros.
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A próxima edição do Floripa Misteriosa acontece na sexta-feira, dia 20. Mais informações na página no facebook “Floripa Dazantiga”.