Alvo de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), a associação da Petrobras Biocombustível (Pbio) em duas usinas com a empresa gaúcha BSBios, negócio de R$ 255 milhões, é considerada um “sucesso” por um dos principais avalistas da operação. Presidente da Pbio à época das aquisições de 50% de usinas em Marialva (PR) e Passo Fundo, entre 2009 e 2011, o atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, assegura que as compras seguiram critérios técnicos. Os valores dos negócios são questionados na Câmara, que solicitou a auditoria do TCU. Em 2009, a BSBios comprou a usina paranaense por R$ 37 milhões, vendendo seis meses depois metade da unidade para a Petrobras por R$ 55 milhões. Em 2011, a estatal adquiriu metade das instalações da BSBios em Passo Fundo por R$ 200 milhões. O ministro Rossetto falou, nesta segunda-feira, com Zero Hora sobre as aquisições.
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Zero Hora – Houve superfaturamento na compra das duas usinas?
Miguel Rossetto – Não, os investimentos foram adequados e positivos. A Petrobras Biocombustível opera usinas em Minas Gerais, no Ceará e na Bahia, e no plano estratégico aprovou a expansão da presença no Sul.
ZH – Em 2009, a BSBios pagou R$ 37 milhões pela usina de Marialva. Seis meses depois, a Petrobras pagou R$ 55 milhões por metade da mesma unidade. Por que a diferença?
Rossetto – Não sabemos por quanto foi adquirida essa usina antes. Nós fizemos uma avaliação do valor futuro que enxergamos tecnicamente na usina, e é isso que define o preço.
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ZH – O preço pago anteriormente não entra neste cálculo?
Rossetto – Não. O preço é vinculado à tua avaliação de ganho, tudo com base em auditoria, através da metodologia do fluxo de caixa descontado, que leva em consideração a qualidade do ativo e a receita prevista. É feito um cenário de 15 anos, com taxa de retorno definida. Todos os investimentos foram feitos com critérios técnicos e auditados, submetidos às diretorias da PBio e da Petrobras.
ZH – O deputado Luís Carlos Heinze (PP) garante que com R$ 190 milhões seria possível montar duas usinas semelhantes às que custaram R$ 255 milhões. O número é fidedigno?
Rossetto – Se eu perguntar quanto custa um carro, tu vais dizer que depende do carro. As usinas são ativos diferentes. No Paraná, tínhamos uma usina em fase pré-operacional. Em Passo Fundo, uma usina em operação, com fluxo de caixa, maior capacidade e um complexo de estocagem e esmagamento de soja, ou seja, um ativo de valor maior.
ZH – Na aquisição das usinas existe a mesma cláusula da refinaria de Pasadena, que obriga a compra da outra metade da unidade?
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Rossetto – Esta cláusula não está presente, mas o contrato prevê cláusulas de solução de controvérsias. Não há intenção de comprar o restante das usinas. É uma parceria de sucesso.