A Covid-19 levou uma importante parte da história dos índios em Santa Catarina. Rosalina Moreira, 68 anos, guarani da aldeia Praia de Fora, em Palhoça, na Grande Florianópolis, morreu na sexta-feira, dia 18. A matriarca tinha um papel importante na comunidade, pois era uma entre os seis filhos de Júlio e Isolina Moreira, casal que na década de 1930 se instalou no Morro do Cavalos, às margens da BR-101. Agora, são nove índios que morreramm em consequência do coronavírus em Santa Catarina.
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Rosalina contava que a família viveu em vários locais na área de Morro dos Cavalos, um deles “bem perto do rio Massiambu” e outro situado a oeste da rodovia BR 101, antes de existir a estrada. Um dos motivos das mudanças, explicou na tese de doutorado da antropóloga Maria Dorothea Darella – “Nós queremos terra boa” – pela UFSC, era a proximidade de água potável.
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Ao lado dos familiares, Rosalina recordava das criações de animais (porco, galinha, cabrito), das pescarias e dos cultivos de milho, mandioca, feijão, abóbora, batata-doce, amendoim, cebola, dentre outros cultivares dos Moreira. Da mãe, dizia, tinha poucas recordações, pois havia morrido quando ainda eram crianças. Assim como as irmãs, referia-se com frequência ao pai que, segundo contava, trabalhava muito, lhes ensinando o uso de “remédios do mato” e a confecção de cestaria.
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Rosalina teve seis filhos e era avó. A todos passou ensinamentos e destacou a luta pela terra, da qual foi testemunha e atuaria na ação que se encontra no Supremo Tribunal Federal e trata do marco temporal dos guarani na região. Com o tempo, ela se mostrava angustiada pelo impacto de obras, como ocorreu com a rodovia, a qual dificultou o plantio colocando em risco a segurança alimentar da população.
Ao mesmo tempo, demonstrava vontade de viver em união, alegria e fé. A Comissão Nhemonguetá se manifestou com pesar nas redes sociais, destacando no idioma guarani que Nhanderu (nosso pai) e Nhandexy (nossa mãe) acolham a guerreira em sua morada.
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