O republicano Mitt Romney partiu para o ataque contra o presidente americano e candidato à reeleição pelo Partido Democrata, Barack Obama, no primeiro de três debates presidenciais transmitidos pela TV.
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Os dois candidatos debateram durante 90 minutos na Universidade de Denver, no Colorado, e se concentraram em suas propostas econômicas para os próximos quatro anos e na sua diferença ideológica sobre a presença do Estado na economia.
Parte da imprensa americana deu acredita que o republicano tenha se saído melhor. O site especializado Politico dá como manchete que Obama “tropeçou”. Washington Post e Los Angeles Times apontam para um Mitt Romney incisivo e agressivo. No The New York Times, porém, diz apenas que o debate se focou na economia.
Ao ingressar no palco, os candidatos apertaram as mãos e fizeram, cada um, uma apresentação de dois minutos. Obama aproveitou a ocasião para cumprimentar sua esposa, Michelle, pelo aniversário de 20 anos de casamento. Romney brincou com o oponente, ao afirmar que não havia local melhor para celebrar a data: num debate, com ele.
Nos primeiros minutos, Romney falou sobre seus planos de criar empregos ajudando os pequenas negócios e, em uma primeira investida, acusou o presidente de prejudicar a economia.
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– Estou preocupado que o caminho que estamos seguindo seja infrutífero – disse Romney, em seus comentários iniciais, prometendo: “vou restaurar a vitalidade que fará a América voltar a funcionar”.
Romney acusou Obama de pressionar pela aprovação de regras “excessivas” que atravancaram a indústria americana e retardaram o crescimento em setores econômicos chave.
“Em algumas leis aprovadas durante o mandato do presidente, viu-se que a regulamentação se tornou excessiva e isto feriu a economia”, afirmou.
O republicano também defendeu mais tratados de livre comércio, especialmente com a América Latina.
“Abrir o comércio, particularmente na América Latina; enfrentar a China quando fizer trapaça”, disse ao mencionar seu plano de recuperação econômica de cinco etapas. Os outros pontos são independência energética, educação, orçamento federal equilibrado e apoio às pequenas empresas.
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A proposta de mais tratados de livre comércio com a América Latina foi citada por assessores de Romney como uma possibilidade nos primeiros 100 dias de um governo republicano.
Obama ironizou o adversário de supostamente voltar atrás em seu plano de cortes amplos de impostos, no primeiro momento tenso do debate.
“Bem, nos últimos 18 meses, ele defende este plano tarifário e agora, cinco semanas antes das eleições, ele diz que esta sua ideia audaciosa ‘não tem importância'” destacou Obama, depois que Romney negou que seus planos aumentariam o déficit do orçamento federal.
Romney, por sua vez, acusou Obama de dar ideias falsas sobre seu plano de redução de impostos.
“Virtualmente tudo o que ele disse sobre meu plano de impostos é impreciso”, garantiu Romney, desmentindo uma afirmação do presidente de que planeje um corte de impostos de US$ 5 trilhões, ao lado de um aumento de gastos militares.
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“Se o plano de impostos que ele descreveu fosse um projeto que me pedissem para apoiar, eu diria, ‘absolutamente não’. Não pretendo fazer um corte de impostos de US$ 5 trilhões. O que eu disse é que não implantarei um corte de impostos que aumente o déficit”, acrescentou.
Romney lembrou que “a Espanha gasta 42% de sua economia com o governo. Neste momento, nós estamos gastando 42% de nossa economia com o governo, e eu não quero seguir o caminho da Espanha, eu quero seguir o caminho do crescimento, que coloque os americanos para trabalhar, com mais dinheiro (nos cofres públicos) porque estão trabalhando”.
“A ideia de criar mais impostos para a população quando não há empregos é errada. Não se consegue equilibrar o orçamento com aumento de impostos”.
Obama rebateu afirmando que para reduzir o déficit sem elevar impostos, Romney teria que cortar os gastos com escolas e a saúde.
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“Agora, se você assume uma abordagem desequilibrada como esta, então isto significa que você vai devastar nossos investimentos em escolas e educação”, disse Obama.
“Efetivamente, isto significa um corte de 30% no programa primário que mantemos para idosos em abrigos, para crianças com necessidades especiais e esta não é a estratégia correta a seguir”, acrescentou.
Em suas considerações finais, Mitt Romney disse que se Obama for reeleito, ele introduzirá uma era de redução de renda interna e desemprego crônico.
“Se o presidente for reeleito, vocês verão um achatamento da classe média”, afirmou Romney. “Vocês verão desemprego crônico – 43 meses seguidos com desemprego acima de 8%”, emendou.
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Obama concluiu com a promessa de seguir lutando pelas famílias de classe média nestes tempos econômicos difíceis.
“Há quatro anos disse que não era um homem perfeito, que não seria um presidente perfeito, e isto é, provavelmente, uma promessa que o governador Romney pensa que mantive. Mas também prometi que lutaria a cada dia pelo povo americano, pela classe média e por todos que se esforçam, e mantive esta promessa. Se votarem em mim, prometo que lutarei duro neste segundo mandato”.
Romney foi mais agressivo e incisivo na maior parte do debate, diante de um Obama muito prudente, mas nenhum dos dois candidatos chegou a entusiasmar.
Obama e Romney voltam a se enfrentar em outros dois debates antes das eleições de 6 de novembro.