Uma oportunidade de mostrar que a Teologia da Libertação está viva. Este foi o principal assunto nos bastidores da 36ª Romaria da Terra, que ocorreu na manhã de terça-feira em Bento Gonçalves, na Serra, o dia seguinte à renúncia do papa Bento XVI.
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A maioria dos movimentos populares brasileiros, inclusive, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), organizadora da Romaria da Terra, tem suas raízes na Teologia da Libertação, que, em linhas gerais, pode ser descrita como um movimento gestado pela ala progressista da igreja nos anos 1960. Os princípios desta forma de pensamento eram a organização dos pobres na luta pelos seus direitos e o combate aos regimes militares que se instalaram na América Latina, inclusive, no Brasil, em 1964.
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Nas últimas décadas, houve um enfraquecimento da teologia devido à democratização do continente e à melhoria na economia, especialmente no Brasil. Este novo contexto determinou mudança no foco das causas defendidas pelos seguidores da doutrina, como a defesa da ética nos negócios e política.
A Teologia da Libertação nunca foi digerida pelo Vaticano, inclusive Bento XVI perfila-se entre aqueles que a combate. A sucessão do Papa é uma oportunidade de discutir novos rumos para a Igreja, avaliou o frei Sérgio Görgen, ligado aos movimentos populares. As conversas de bastidores aconteceram depois das celebrações religiosas. As famílias, vindas de vários cantos dos Rio Grande do Sul, reuniram-se para almoçar e conversar.
– A conversa que estamos tendo é uma troca de ideia sobre o que está acontecendo – afirmou Pilato Pereira, da coordenação da CPT.
Os 11 bispos que estavam na Romaria da Terra não foram lá para falar. Mas para ouvir. Sobre o Papa, foram econômicos nas palavras: enalteceram a grandiosidade do gesto de renúncia. Dom Jaime Pedro Kohl, bispo da diocese de Osório, falou que do seu desejo de que o perfil do novo papa seja conectado com as mudanças da época trazidas pela internet. E também com os compromissos da igreja com os pobres.
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– Muito embora as chances seja mínimas, eu tenho um fiapo de esperança que ele seja da América Latina – desejou.