Inspirado na Ilha de Santa Catarina, o escritor Rafael Reginato escreveu seu primeiro romance: o não-linear e fragmentário entreilha. Lançado em 2011 pela Editora da UFSC, o livro disputa o título de melhor narrativa longa do Prêmio Açorianos de Literatura, no dia 10 de dezembro, em Porto Alegre.
Continua depois da publicidade
O Prêmio Açorianos de Literatura é um dos mais importantes do Rio Grande do Sul. Na edição deste ano, entreilha concorre com outras duas obras – Outonos de Fogo, de Marcel Citro, e Neptuno, de Leticia Wierzchowski. Para Rafael Reginato, nascido em Porto Alegre e radicado há 10 anos em Florianópolis, a chance de sair vencedor no próximo dia 10 é pura matemática: uma em três.
No livro, o autor tece a narrativa de um grupo de jovens que, após se conhecerem pela internet, planejam assaltar um banco e, com o dinheiro, fugir para a tal ilha – que, no final das contas, pode ser qualquer uma.
Ao mesmo tempo em que elabora uma reflexão sobre a virtualidade das relações contemporâneas – utilizando como símbolo a internet, esse espaço onde pouco ou nada se sabe a respeito do outro – a preparação do crime serve de fio condutor para uma possível intimidade.
Continua depois da publicidade
Com diálogos fragmentados e vozes difusas, na maior parte identificadas apenas por eu e vc, entreilha dialoga com a escrita circular de Cortázar, a literatura fantástica de Borges, a sintaxe de Saramago e o realismo mágico de García Márquez.
– Eu prefiro falar em realismo virtual. É um realismo irreal, enganador, que desafia e confunde quem lê. Há uma capa de realismo, mas ela está furada e rasgada – define o autor.
O livro é, sobretudo, o resultado de um intenso trabalho com a linguagem. Como uma história que avança sem sair do lugar, os capítulos começam e terminam com as mesmas palavras, fazendo com que o título de cada parte seja, também, seu ponto de fechamento. Na página 138, a história termina sem ponto final.
Continua depois da publicidade
Lançado no ano passado, entreilha foi escrito há cerca de quatro anos, depois que Rafael veio para Florianópolis. Antes disso, o autor havia lançado o livro de contos O Ponto G do Plínio (2002), além de ter recebido prêmios em diversos concursos literários do Brasil. Formado em publicidade, o autor diz que escrever funciona como forma de “matar demônios” – no caso de entreilha, um demônio dos grandes.
entreilha, de Rafael Reginato
2011, Ed. da UFSC, 138 páginas
R$ 21