Depois de 48 horas no ar, a versão do “rolezinho” em Florianópolis marcada para o dia 26 de janeiro foi cancelada na manhã desta quinta-feria. Chegou a 400 pessoas confirmadas e outras 3,5 mil convidadas, o evento criado num grupo do Facebook de alunos e ex-alunos da UFSC e da Udesc. Antes, porém, a iniciativa mudou o nome para “Marcha pelo Senhor”. O idealizador, um jovem de 27 anos, morador da Capital, diz nunca ter imaginado que uma brincadeira entre amigos poderia atingir tanta gente.
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– Não achei que o “rolezinho” ganharia essa proporção. Não tenho ligação a qualquer movimento político ou religoso, tudo não passou de uma brincadeira despretensiosa, na hora eu tava sem nada pra fazer. No início, quando vi que tinha gente aderindo à ideia achei que pudesse ser uma chance de pensar sobre tudo isso, mesmo que acabasse não acontecendo – explica o rapaz.
“Rolezinhos” é como como passaram a ser chamados os encontros de jovens da periferia marcados pela internet para se divertir, namorar nos shoppings em São Paulo em dezembro do ano passado. Eventos semelhantes passaram a ser organizados em várias cidades em apoio a esses jovens depois da repressão policial e a decisão judicial permitindo triagem de clientes em shoppings da capital paulista. Nas redes sociais, a reação foi chamada de Apartheid de shoppings.
A ideia de uma versão em Florianópolis começou com apenas cinco convidados e não teve qualquer divulgação. Ontem, quando o idealizador percebeu a popularidade alcançada, resolveu mudar o nome do evento para “Marcha pelo Senhor”.
– Mudei o nome porque muita gente tava dizendo que eu devia aproveitar essa visibilidade pra alguma causa, mas eu não digo que senhor é esse, se é Deus, se é meu pai. Como eu tinha uma entrevista marcada hoje numa emissora de televisão resolvi mudar o nome só pra deixar o evento no ar e colocar lá uma explicação de porque estava cancelando o rolezinho _ diz o jovem.
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No texto postado no Facebook, ele faz referência aos vídeos sobre eventos semelhantes disponíveis na internet e o risco de violência que há nessas situações e diz que por esta razão preferiu cancelar a ideia.
_ Desde que tudo isso veio a público, houve pessoas me procurando, querendo até fazer bagunça no shopping, mas eu nunca tive essa intenção. Adoro o shopping, moro lá perto _comenta.
Para concluir o esclarecimento na rede social, ele sugere aos interessados no evento um “rolê” no hemocentro para doar sangue ou no centro de zoonoses para adotar animais.