Pé no pedal, mão na buzina, funk e rap na caixa de som e manobra no grau. É assim que jovens da periferia de Joinville se organizam no “Unidos da City”, grupo que utiliza as bicicletas como instrumento para lazer, o que, para eles, é a transformação do rolê na cidade.

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Em 2017, o operador de máquina Matheus Steinein, de 20 anos, decidiu se dividir entre a vida profissional na indústria com a de jovem fundador do Unidos da City, juntando “manos e minas” que gostam de pedalar e não encontravam opções de diversão nos bairros em que moram após o fim do isolamento social durante a pandemia da Covid-19.

Com média de 100 a 150 pessoas reunidas por encontros, o Unidos da City é formado, principalmente, por crianças e jovens de 11 a 20 anos, moradores de bairros periféricos das zonas Sul e Leste, o grupo é receptivo a todo tipo de público, porém, pelo estilo do pedal com manobras e estilos descolados das bikes, são os mais novos que acabam atraídos.

De acordo com Matheus, para ser acessível a todos, os ciclistas se encontram em pontos do Centro, como o Expocentro Edmundo Doubrawa, e optam por um destino mais distante, já que não consideram atrativos os pontos turísticos na região central. 

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— Geralmente, marco uma semana antes o local, traço um caminho mais seguro e crio uma publicação nas redes sociais com todas informações necessárias — conta Matheus.

Bicicleta
Jovens já pedalaram até a Porta do Mar, na zona Leste de Joinville (Foto: Matheus Steinein)

Ultrapassar preconceitos

Apesar dos rolês serem formas de lazer dos jovens, Matheus conta que o Unidos da City é alvo de preconceito em Joinville.

— Muitas pessoas veem nosso grupo como baderneiros por causa das bicicletas e barulho das buzinas — lamenta.

Ele também cita que já houveram casos negativos envolvendo a Polícia Militar. Um deles, inclusive, foi publicado nas redes sociais, em que dois garotos são abordados pelos policiais durante o passeio. 

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De acordo com ele, nesta situação, os jovens foram enquadrados por conta das roupas que estavam usando.

— Foram confundidos com ‘meliantes’ — critica.

Pedalar pra romper fronteiras

Para Matheus, a principal motivação para seguir com o projeto é continuar encontrando os amigos e ajudar as crianças.

— Manter a mente delas ocupadas com as bikes, longe de más influências e das drogas — ressalta.

No futuro, ele diz querer levar o Unidos da City para todo o Brasil, viajando por cidades do país e promovendo encontro de campeonatos de grau, manobra tradicional dos rolês.

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