Entrar na Frei Damião é experimentar o maior contraste existente em um perímetro urbano catarinense. Um grande muro separa a comunidade mais vulnerável do Estado da área industrial pertencente ao município de São José. Você deve estar se perguntando: Mas como pode ser São José, se a comunidade em questão fica em Palhoça? Pois é, mas fato é que o lugar, que começou a ser habitado por migrantes oriundos principalmente do Oeste, na época não foi assumido por nenhum dos municípios. E a consequência foi o crescimento desordenado.
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Por isso até os dias de hoje é notável a ausência do poder público, mesmo depois de 18 anos sob a jurisdição de Palhoça, hoje administrada pelo prefeito Camilo Martins. Barracos sem chão, saneamento básico praticamente inexistente, ruas de terra, uma única área de lazer (doada pelo Projeto Cidades Invisíveis) e quatro projetos sociais. Este é o atual panorama das mais de 1,3 mil famílias que vivem na Frei.
A PERSISTÊNCIA
Durante nosso encontro no último sábado a tarde, pudemos conhecer de perto algumas histórias. No centro de saúde que fica ao lado Cadi, apenas um médico presta atendimento a todos os moradores. O profissional serve para o dentista, que pelo que ouvimos tem deixado furo no atendimento, seus pacientes sofrem quando ele falta. As filas para consultas são longas, principalmente por volta das cinco da manhã, que é o horário mais disputado entre os que não querem perder o atendimento. Outra questão seríssima da Frei é que não existe se quer uma única linha de ônibus que passe por ali. Os moradores que dependem do transporte coletivo tem que andar mais de um quilômetro até a parada mais próxima.
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FUTURO DA FREI
Assim como em qualquer lugar, as crianças são a esperança por dias melhores naquela comunidade. As brincadeiras de pipa, futebol e pega pega ainda fazem parte das tardes felizes dos pequenos e a felicidade só aumentou quando abri a porta do carro e fiz a entrega de um monte de brinquedos que me foram doados.
O menino que ilustra a foto ganhou um acordeom, para quem sabe um dia, brilhar nos palcos da vida. A única escola do bairro estava fechada, mas soubemos que a direção e a equipe de educadores tem um comprometimento sem igual com os futuros cidadãos. Comprometido também é o Alemão, líder comunitário que não mede esforços para agir em prol de melhorias para todos.
MOMENTO ÍMPAR
Os olhos da equipe da Hora lacrimejaram quando fizemos os sorteios de cestas básicas e kits de limpeza que nos foram doadas gentilmente pelo Makro. Tínhamos participando daquele momento somente mulheres que saíram de suas casas especialmente para participar da ação que promovemos por lá. As brincadeiras seguiram com perguntas que tinham a ver somente com a história do crescimento do bairro e do cotidiano vivido por quem mora lá.
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Foi incrível proporcionar para aquelas senhoras um momento de descontração e ao mesmo tempo, mostrar a elas que sim, nós nos preocupamos com as comunidades em que atuamos. Nosso objetivo foi cumprido com essa visita, nos aproximamos ainda mais dos moradores e levamos pra casa a lição de que mesmo com tantas adversidades, é possível sorrir.
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