Uma ruptura com o passado e um olhar para o futuro marcam os novos single e clipe do cantor italiano Rohmanelli, radicado no Brasil há mais de 20 anos, e residente em Florianópolis. O artista prepara o lançamento do primeiro volume de seu próximo álbum, [Brazil’ejru], para o dia 29 de setembro, após três anos de produção. O trabalho conta com a participação de vários músicos – como é o caso da canção Não me Ligue Mais, primeiro single do registro, que recebe os convidados Renata Swoboda e Wagner Éffe; este último também compositor, ao lado do próprio Rohmanelli.
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Esta é a primeira vez que Rohmanelli lança um disco inteiramente em português – daí o título, inspirado na representação fonética da palavra “brasileiro”. Sobre o primeiro single, Romanehlli diz:
– Essa é uma declaração de cansaço que escrevi no dia da morte do cantor e compositor Belchior. Me senti muito solidário com ele e com sua escolha de largar tudo e ficar longe dos holofotes e do barulho. Acho que cada um pode se identificar com esse sentimento, mais ainda agora com tanta pressão nas redes sociais, telefone, mídia; é uma solicitação constante de todos os lados, e nem sempre de qualidade. Mas pode ser também o cansaço por uma relação abusiva: penso nas muitas mulheres que sofrem violência em casa e não conseguem se livrar desses ex-maridos ou ex-namorados mesmo quando mudam de endereço, telefone… Acho que qualquer pessoa que queira recomeçar sua vida de uma forma mais humana pode se reconhecer nela.
O vídeo, dirigido por Bruno Ropelato, se distancia de uma interpretação meramente romântica para a letra: a ideia era propor uma sensação de suspensão, de algo sem tempo e espaço, um lugar indefinido onde fosse possível exorcizar o mal-estar provocado pelas demandas online. Rohmanelli, Renata Swoboda e Wagner Éffe dialogam mesmo estando fisicamente distantes, já que a gravação aconteceu durante a pandemia de coronavírus. Esta é a terceira faixa inédita que o artista lança em 2020, e antecipa um pouco do conceito de seu próximo disco.
– Apesar de ser a [música] mais pop, aparentemente a menos “brasileira” do álbum, ela tem uma intensidade e uma paixão tão verdadeiras e viscerais que representa bem a minha identidade, meio italiana e meio brasileira – Romanehlli explica. – Acho que sintetiza bem todos esses mundos opostos que represento: pop e lírica, Brasil e Itália, anos 80 e cultura urbana e pop.
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Usar a música como forma de questionar padrões sexuais, amorosos, políticos e religiosos faz parte do discurso forte na arte do músico, que começou a carreira em 2014, com a banda Vita Balera. O projeto explorava o rock alternativo com letras em italiano e chegou a lançar um EP homônimo. Antes disso, Rohmanelli estudou música erudita e canto lírico. Após o fim da banda, focou em um projeto solo de música eletrônica alternativa ao lado do produtor e músico argentino Jeronimo Gonzalez.
Foi aí que nasceu Rohmanelli, unindo estética, figurino, letra e música. Em 2016, ele lançou sua estreia com o álbum Anomalous, trabalho conceitual que trafegava entre português, inglês e italiano, e que gerou sete videoclipes. Em 2018, o artista estreou Fanatismi, trabalho em italiano que reuniu experiências e parcerias adquiridas nos primeiros momentos da carreira.