Se fosse um jogador de futebol, não daria para dizer que Rogério Micale é aquele “raçudo”. Também não seria aquele mais grosso, longe disso. Mas também não daria para chamar de craque. Se houvesse um paralelo para qualificá-lo, como muitas vezes o jogador é classificado, seria o jogador técnico, aquele que sabe muito bem o que faz com a bola. Este é o profissional que o Figueirense contratou para tentar salvar o ano e a missão de voltar à Série A.
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Dez anos se passaram desde aquele título histórico da Copa São Paulo e Micale volta bem mais formado, experiente e conceituado. Campeão olímpico, ele também foi vice-campeão mundial com a Seleção Brasileira sub-20, em 2015, na Nova Zelândia. Seus times jogam com posse de bola e de forma ofensiva. É um treinador para desenvolver trabalho de longo fôlego.
O desafio vai ser justamente o tiro curto para o resultado. São 12 jogos para sete vitórias e uma arrancada para o acesso, que é o grande desafio.
O risco assumido pelo Figueirense
Quando troca o treinador a 12 rodadas do fim, o Figueirense assume os riscos. Não há salvador, nem treinador que faça milagres. Subir ou não faz parte e não é integralmente responsabilidade do novo treinador, fosse ele quem o clube contratasse.
O acesso já estava em risco com Milton Cruz pelos problemas que o Figueira e o time enfrentaram e enfrentam na temporada. Tecnicamente, Micale acrescenta ao trabalho que Milton vinha fazendo, não há dúvidas. Mas Cruz tinha uma forma de conduzir, e até proteger os jogadores, que é diferente do novo técnico.
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Outro fator é a formação do grupo, que tem muito o perfil e a entrega do antigo treinador. Micale chega para trabalhar com um bom grupo – um dos melhores da Série B –, mas que não foi ele que montou. O que se percebe é o torcedor desconfiado por causa da velha cultura de trocar de técnico e acreditar que isso irá resolver todos os problemas. Os problemas do Figueirense são do Figueirense, e não eram apenas de Milton Cruz.