A angústia dos pais de Roger Dall´Agnol, 21 anos, e de Susiele Cassol, 19, é tanta que só parece aliviar um pouquinho quando recordam do sorriso e da felicidade que os filhos sempre lhe proporcionaram. No município de Paraí, com seus quase 7 mil habitantes, ou na pequena André da Rocha, com 1,2 mil moradores, o casal de namorados conquistou diversos amigos e semeou alegrias.

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A mãe de Roger, Nilvete Dal Pozzo, 47 anos, sócia de uma funerária da cidade, diz que “Roger era um anjo da guarda que toda mãe queria ter como filho”. O jovem, que recém tinha começado a trabalhar numa polidora de basalto juntamente com seu pai, Adão Dall´Agnol, gostava de rodeio. Tinha verdadeira paixão pela égua Priscila, era torcedor fanático do Internacional e amava sua família e Susiele.

– Era um filho muito amigo meu, um garoto caseiro, que cuidava da família e gostava demais da namorada. Acho que amava tanto dela, que foi buscá-la – acredita Nilvete.

Susiele, que fazia Tecnologias em Alimento na UFSM, também tinha adoração pelo namorado, relatam os familiares. Pai da jovem, o ex-vereador e chefe de gabinete da prefeitura de André da Rocha, Rosalino Cassol, 53, recorda da simpatia da filha. Segundo ele, Susiele era tão carinhosa que atraía as crianças para perto de si como ninguém.

– Dialogávamos sempre, sempre. Ela era obediente, educada, estudiosa. Minha filha era meiga, não tinha boca para nada – lembra Rosalino.

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A mãe de Susiele, a merendeira Geranilda Cassol, 51, relata que sempre conversavam muito. Os planos da filha era fazer mais de uma faculdade. No momento, cursava Tecnologias em Alimentos, mas já se preparava para fazer Fisioterapia. Antes de sair para ir à boate Kiss, no sábado à noite, Geranilda disse que perguntou para a filha se queria mesmo sair à noite.

– Até sugeri para ela ficar por casa, já que o namorado tinha ido visitá-la, mas eles gostavam muito de dançar e decidiram ir – recorda.

O casal namorava há cerca de quatro anos. Como Susiele estudava na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, Roger e a família da namorada viajaram de Paraí a Santa Maria no sábado, quando ocorreu a tragédia.

Os amigos e integrantes do grupo Emaús, da igreja católica, preparam uma missa especial em homenagem ao casal de namorados para as 10h desta segunda-feira, no Salão Paroquial de Paraí. Em seguida, ocorre o sepultamento no cemitério da comunidade.

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A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

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Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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