Consagrada como o dia do futebol na TV, a quarta-feira começou com uma pelada de futebol sete entre dois times: Cartolas Presos x Cartolas Indiciados. A cancha é verde – cor não de grama, mas dos dólares que teriam sido movimentados em um esquema de propinas na venda de direitos de transmissão de vários campeonatos, iniciado ainda em 1991.

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CBF é investigada por contratos da Copa do Mundo e com patrocinador

A escalação impressiona pelas estrelas. O time dos presos vem com Marin; Webb, Li, Rocha, Takkas; Figueredo e Esquivel. Os Indiciados contam com: Warner; Leoz, Burzaco, Davidson; H. Jinkis, M. Jinkis e Margulies. São estrelas peculiares. Têm brilho opaco: poucos sabem quem são, para enxergar dá um trabalhão. Mas quando se movem, influenciam milhões de torcedores. São presidentes de confederações continentais ou nacionais ou executivos de mídia e promoção do futebol: os ternos por trás das chuteiras.

As consequências da operação contra a Fifa que prendeu Marin:

Marin, por exemplo, comandou por três anos uma máquina de ganhar dinheiro chamada Seleção Brasileira: em 2013, a CBF faturou R$ 436 milhões. Também esteve à frente da organização da Copa no Brasil – teve nas mãos um cheque de R$ 1 bilhão para o evento.

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Fifa afirma ser vítima de esquema e mantém eleição presidencial

Nicolás Leoz, paraguaio, dirigiu a Confederação Sul-Americana até entre 1986 e 2013, quando deixou o cargo sob suspeitas de corrupção. Ambos têm mais de 80 anos, mas agilidade rara para a idade: Marin ao embolsar uma medalha destinada aos jogadores, na Copa São Paulo de 2012, Leoz ao deixar a Fifa a tempo de seu envolvimento com acusações de propina no caso ISL respingar no aliado Joseph Blatter.

Este, presidente da Fifa, poderia muito bem ser o árbitro da pelada que abriu esta quarta-feira. Blatter exerce esse papel desde 1998, quando subiu ao posto de João Havelange – brasileiro que transformou a Copa do Mundo em um meganegócio e renunciou ao cargo de presidente de honra para escapar de punição por corrupção na entidade.

Del Nero afirma que prisão de Marin é “péssima” para a CBF

Mas o apito acabou na mão do Departamento de Justiça americano, mesmo. Blatter está ocupado, em campanha para ser eleito presidente da Fifa pela quinta vez nesta sexta-feira. Não foi convidado para a pelada entre Presos e Indiciados. Aos 79 anos, mostra que, neste tipo de jogo, ainda sabe driblar muito bem.

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