Rodrigo Gral, 36 anos, é o xodó da família. Tanto que na sala do apartamento onde ele mora com os pais e o irmão do meio, Rafael, duas almofadas do sofá tem o rosto do atacante da Chapecoense estampadas.
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Foi por ele que a família Gral foi morar em Porto Alegre, na década de 90, quando o jogador defendeu o Grêmio. O mesmo ocorreu quando o jogador foi para o Juventude e para o Flamengo. Já para Recife, no Sport, aí ele foi sozinho. Mas quando o atleta se mudou para o Japão para atuar pelo Jubilo Iwata, sua mãe ficou lá por alguns meses.
– O Rodrigo ficou sozinho e chegou a entrar em depressão – lembra a dona Tere.
Como bom descendente de italianos, Gral adora macarronada, lasanha e polenta de dona Tere. Ela até largou o salão de beleza que tinha para cuidar do filho. E deixou o sítio na Grande Porto Alegre para voltar a Chapecó.
No início do ano, quando o jogador fez uma dieta para perder peso, ela alterou o cardápio. Resultado, Gral voltou “fininho” para a pré-temporada. Tudo para o filho ter um bom desempenho.
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Afinal, o resultado dentro de campo influencia o humor do atacante em casa.
– Se o time dele ganha é tudo alegria, mas se perde ele se entoca no quarto – diz o pai, Celito Gral.
Pagode, Ronaldinho e peixes
Gral é referência para os mais jovens, inclusive Ronaldinho Gaúcho, com quem conviveu em Porto Alegre e recebeu o amigo em casa em 2002 para comer uma feijoada que a dona Tere tinha feito e deixado no freezer.
O líder da Chapecoense lançou moda com um meião cobrindo toda a perna, tatuou o símbolo do clube no braço e é um dos puxadores do pagode dentro do ônibus. Ele também gosta de filmes – assistia muito no Catar e no Japão para passar o tempo – e tem como um de seus favoritos “Gladiador”.
Quando está de folga, reúne alguns colegas e o irmão para jogar pontinho (cartas). Em férias, pesca com o pai no sítio em Porto Alegre.
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– Ele tem mais sorte com os peixes do que eu – conta Celito, sorridente.
Nessa época a família aumenta, com o irmão caçula, Ricardo, e o sobrinho Bruno.
– Em casa o Rodrigo é uma criança – diz Rafael, pai de Bruno e irmão de Gral.
A bola
Para Terezinha Tonini Gral, ou dona Tere, a educação era mais importante do que o futebol. Por isso, ela ficou muito chateada quando lhe chamaram na escola para dizer que seu filho estava em recuperação por omissão da mãe. “Tu ainda vai vê-lo na televisão”, respondeu para a professora. Dona Tere telefonou logo em seguida para o filho, que disputava os Joguinhos Abertos em Concórdia, e o fez voltar para fazer a prova. Gral voltou, fez o exame e retornou para o campeonato. Ainda deu tempo para ele fazer quatro gols na decisão, virar o jogo para 4 a 3 e ganhar o título. Mas na prova ele acabou reprovado por alguns décimos. ?
Doente
Na última semana, o jogador entregou uma camisa da Chapecoense para o médico Sizenando Souza, dono do hotel onde o clube do Oeste fez a pré-temporada de 2014. Sizenando atendia a família quando Gral era bebê, muitas vezes sem cobrar um centavo. Rodrigo teve muitas dificuldades quando pequeno: ele nasceu com bronquite asmática e usou a “bombinha” até os dez anos. ?
Índio Condá
Em 1993, Rodrigo Gral começou a frequentar o Estádio Ìndio Condá pois o pai trabalhava numa revenda de bebidas. Ele e o irmão Rafael ajudavam no troco. Gral olhava os jogadores e pensava em um dia estar lá. Mas a primeira vez que jogou no local foi contra a Chapecoense, em 1996, pelo Grêmio. Só em 2012 ele realizaria o sonho de defender o time no qual torcia quando criança. ?
Na roça
Quando o atacante nasceu, seus pais eram agricultores em Caxambu do Sul, onde atualmente fica a cidade de Planalto Alegre. Quando iam para a lavoura, deixavam o pequeno Rodrigo num berço, debaixo de uma árvore. Um dia, quando notaram, uma cobra estava se aproximando do berço. Mas nada ocorreu, só o susto.
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