O Avaí está na zona de rebaixamento, é verdade. Mas analisar o trabalho de Claudinei Oliveira pela posição atual do time na tabela do Brasileiro é muito pouco. É preciso olhar pra trás e conseguir enxergar em que condição ele chegou ao clube para poder valorizar o que foi feito. O conceito ¿ano de vitórias¿ se explica por ter conseguido devolver à Série A um time que quando ele assumiu estava na beirada da zona de rebaixamento da Série B e que parecia estar a caminho da terceira divisão do futebol Brasileiro. Se explica por ter levado à decisão do Catarinense 2017 – e ter ficado com o vice-campeonato da temporada – um time que vinha de dois anos seguidos em que a briga foi pra não cair da segunda divisão estadual.

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O Avaí deste ano foi muito forte no catarinense, conquistando de forma antecipada o turno e a vaga na final. Se explica pelo aproveitamento que o Avaí tem tido a partir da 10ª rodada do Brasileirão, quando venceu o Botafogo. O Leão tem entre a 10ª e a 21ª um aproveitamento de 47,2% dos pontos, o que daria ao time um lugar na primeira página da tabela de classificação. Até mesmo esta readaptação à Série A Claudinei teve que fazer – demorou 9 jogos. E considero que está sendo vitorioso.

Casa arrumada

Quando Claudinei Oliveira chegou, fui buscar informações como referência do profissional que estava vindo ao Avaí. Ouvi de amigos do Paraná Clube, que ele havia dirigido no início de 2016, que era um técnico que iria arrumar o sistema defensivo. Isto ficou muito marcado. Era um trabalho necessário e a minha fonte estava correta. O primeiro trabalho do treinador, a partir da chegada, em Agosto de 2016, foi tornar o sistema defensivo do Avaí, um sistema sólido. Com a casa arrumada ali atrás, o Avaí passou a ganhar jogos e jogos, fazendo a arrancada espetacular da Série B do ano passado.

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Momentos tensos

Por duas vezes Claudinei Oliveira esteve prestes a cair. As duas neste Brasileiro. Na 10ª rodada precisava ganhar o Botafogo, no Rio de Janeiro, para permanecer. O time vinha de uma derrota muito dura, em casa, contra o Fluminense – 0 x 3. Uma reunião depois do jogo teve, na palavra final do presidente Francisco Battistotti, a permanência. A vitória no jogo seguinte, no Rio, segurou Claudinei e mudou o Avaí no Campeonato. Foi algo muito parecido com o que aconteceu com Silas em 2009, também na 10ª rodada daquele Brasileiro.

O segundo momento foi mais recente, depois da pancada de 5 x 0 diante do Atlético-PR, na penúltima partida do turno. Desta vez Claudinei Oliveira colocou o cargo à disposição da diretoria. Os jogadores líderes, entre eles Betão e Alemão, ajudaram a reverter a decisão do treinador. O que vem se mostrando uma decisão correta, afinal o técnico conhece bem o time que tem em mãos e até onde pode chegar. E o campeonato do Avaí vai ser sempre no risco e no limite.

A parte ruim

A dificuldade de apostar em algo novo e melhor foi, neste período de um ano, o grande problema de Claudinei. Isto apareceu principalmente na questão Kozlinski e Douglas. Claudinei foi fiel à ¿fila¿, mas hoje se percebe que perdeu muito tempo em não escalar Douglas como titular do Avaí.

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O mesmo acontece na repetição da dupla Luan e Judson na cabeça de área. Demorou bastante para barrar um dos dois, em função de um pouco mais de qualidade em campo. Claudinei é muito fiel ao seu grupo, o que não é errado, mas tem que ter limite. Técnico que fica escravo desta fidelidade acaba perdendo o comando. É preciso sempre comandar e decidir, mesmo que isto desagrade alguns.

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