“Os investidores estão satisfeitos” “o que foi feito agora segue o caminho do profissionalismo” “tudo foi feito de forma muito bem conversada e encaminhada” e “o clube hoje não deve absolutamente nada a ninguém”

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São afirmativas que colhi, em conversas que tive, desde que a nova bomba estourou no 2017 já muito turbulento dentro dos muros do Orlando Scarpelli.

A comunicação do Figueirense esperou que todos os microfones estivessem desligados, depois da fundamental vitória sobre o Santa Cruz, para publicar a notícia do afastamento, dito “temporário”, do CEO Alex Bourgeois. A justificativa oficial trazia a expressão “questões pessoais”, mas não traduzia a realidade dos fatos nos bastidores.

De uma das fontes ouvi que “ele estava se metendo em tudo. Os investidores pediram a cabeça”. Pelo que apurei, esta afirmativa se aproxima bem mais da realidade e o afastamento não tem nada de temporário. BOURGEOIS SAI AGORA, PARA NÃO MAIS VOLTAR.

Outra informação que consegui apurar e confirmar dá conta de que A PARTE DELE, de aporte financeiro através de investidores, NÃO FOI REALIZADA. Ou seja, O FRANCÊS NÃO CUMPRIU COM SUA PARTE NO NEGÓCIO, na parceria.

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O “se metendo em tudo” se refere a setores do clube que vão desde contratações, que é o futebol, passando pela comunicação, o marketing, o financeiro, e chegando ao campo. Bourgeois, que um dia foi jogador de futebol, estaria, inclusive, interferindo no trabalho do dia a dia do técnico Milton Cruz.

Alguém pode perguntar: mas este não é o trabalho de um executivo, um CEO? Interferir em tudo? Conduzir tudo? Pode até ser, mas o que percebi nas conversas é que a forma como o CEO conduzia as coisas estava gerando muito desconforto internamente. E o fato de não ter trazido o investimento prometido pesou demais contra ele.

Só que não é tudo tão simples assim. A notícia da saída do quase presidente/CEO/homem de futebol, Alex Bourgeois, assustou muito os torcedores. Por um motivo simples: para eles, os torcedores, o francês representava a parceria e o novo momento do Figueirense. Pelo fato que era ele que aparecia na mídia, em entrevistas na imprensa, em vídeos publicados no site do clube, em “lives” do próprio facebook, ou em twittes de interação direta nas redes sociais. Bourgeois foi o grande e praticamente o único interlocutor da nova gestão. Para o torcedor, que embarcou na onda francesa, na forma de perceber as coisas, é como se a nova gestão estivesse indo embora.

Nesse ponto, houve uma clara falha estratégica. Por isso, sempre que escrevia para falar do francês, escrevia daquele jeito que está ali em cima – “quase presidente/CEO/homem do futebol” – era quase tudo e era demais. E isso não estava certo mesmo e não poderia dar certo. Em qualquer lugar – empresa ou clube de futebol – é preciso ter profissionais nas áreas específicas. Essa forma de se colocar o francês na mídia, deixou outras pessoas da gestão confortáveis, tornou o CEO o queridinho da torcida, mas foi o que acabou com ele também.

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Outras questões apareceram nas especulações sobre a saída do francês. Questões que envolvem negociações e a conduta dele em algumas delas. Duas fontes com as quais conversei negaram que isto tenha aparecido, tenha ocorrido e que seja um dos fatores da saída. Uma delas citou os casos específicos das saídas de Robinho, Bruno Alves e Luiz Fernando, explicando como foram feitas – nada que fuja ao que já foi publicado anteriormente – e disse que não há nada que relacione estas negociações com a saída de Bourgeois agora.

Sobre futuro, o recado que querem passar é que o novo projeto segue firme, apesar da nova turbulência. Algo que com o tempo vai ser possível avaliar mais precisamente. Pra este ano, não deve vir mais nenhum gestor para o futebol. O nome de Erasmo Damiani vem sendo falado e avaliado internamente, sem que exista nada de concreto. Falei com ele e me disse que não recebeu realmente nenhuma ligação. Há um outro nome, que não consegui apurar, mas alguém só deve vir mesmo em 2018.

O técnico Milton Cruz está fortalecido, ganhando mais liberdade para trabalho e para decisões. Internamente é tido como a pessoa que “mudou o ambiente” no futebol, apesar das críticas que vem recebendo no jogo a jogo. O assessor de comunicação do clube, Ronaldo Nascimento, deve tomar posição como um “gestor de comunicação”, fazendo o papel de interlocutor com a imprensa e a torcida. Os investidores Claudio Vernalha e Luiz Gustavo Mesquita seguem firmes no projeto, apesar de serem avessos às entrevistas. Não gostam mesmo de aparecer.