As declarações do presidente/CEO/diretor de futebol do Figueirense, Alex Bourgeois sobre os empresários e sua influência nos clubes repercutiu bastante e não por acaso. Disse com outras palavras que no Figueirense os empresários não vão mandar, nem ter influência. É preciso fazer uma pequena análise histórica para explicar o contexto todo. Desde a vigência da Lei Pelé, no início dos anos 2000, os clubes praticamente transferiram – por falta de gestão, administrações competentes, e muitas vezes, por conveniência – o poder econômico para os empresários.

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Quantas vezes ouvimos falar de um grupo de empresários que seria parceiro de um determinado clube? O próprio Figueirense teve uma parceria formal com a Brazil Soccer, do empresário Eduardo Uram, entre 2009 e 2012. Tudo porque precisava capitalizar, vendendo ativos – os percentuais dos atletas – para ter dinheiro em caixa. E assim ouvimos falar da Traffic, do grupo DIS/Sonda, do grupo TEISA( este que o próprio Bourgeois participava ), ou até Elenko.

Todos grupos empresariais, que investiram em aquisição de direitos de atletas e participaram de parcerias com clubes do cenário nacional.

Cenário diferente

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Desde o início de 2015 entrou em vigor uma nova legislação da Fifa, que proibia a participação dos terceiros – empresários e grupo empresariais – na divisão dos percentuais dos atletas. A ideia era proteger os clubes, que são os formados, em tese, dos atletas. O Brasil, através da CBF foi o primeiro país a legislar em cima da regra da Fifa e colocar isto em prática. De lá pra cá o cenário vem mudando. Ainda não se sabe ao certo qual será o cenário definitivo depois que o mercado se ajustar.

Mas o que está ocorrendo é que os empresários estão mudando o formato da relação com os clubes, não mais estabelecida com parcerias. Agora os empresários estão tentando entrar diretamente na gestão dos clubes. Foi o que fez, Bourgeois, recentemente no Figueirense. Ele, Claudio Vernalha e Luís Gustavo Mesquita, sócios da empresa que entrou no Figueirense, se tornaram ¿donos¿ do futebol do clube, num investimento de 20 anos, renováveis por mais 15. E têm liberdade total para vender ou comprar jogadores, e não somente isto.

E não há nada de errado nisto. Está tudo sendo feito às claras, com transparência, com contrato detalhado entre as partes – clube e empresa – e um início com boas práticas, como colocar a casa financeiramente em ordem. Então, é fácil entender os porquês do recado do CEO aos empresários. O Figueirense tem seu grupo investidor e vai tocar o futebol, e os negócios gerados por ele, de acordo com as vontades e necessidades do Figueirense e não dos empresários representantes, e não mais ¿donos¿, dos atletas.

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Pra ganhar

O Figueirense precisa muito da vitória nesta sexta, fora de casa, diante do Boa Esporte. O jogo não é fácil. Uma vitória confirmaria o novo ambiente criado no clube e na relação com a torcida, significaria também a saída da inadmissível zona de rebaixamento da Série B, e amenizaria a necessidade de resultado na próxima partida, justamente contra o carro chefe da Série B, o Internacional. Mas pra ganhar, é preciso jogar mais do que vem jogando. Com organização, qualidade e sem invenções do técnico Milton Cruz, dá pra fazer o resultado.

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