Se a avaliação fosse registrada em um boletim escolar, o Terminal Rodoviário Harold Nielsen, uma das principais portas de entrada de Joinville, dificilmente ganharia nota 10. Mas de longe levaria bomba. Se fosse uma criança, a rodoviária poderia ganhar um puxão de orelha e ser cobrada para melhorar na próxima.
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Sua nota, se contarmos infraestrutura, limpeza, acessibilidade e segurança, giraria em torno de 6,0. “A Notícia” acompanhou a inspeção e detalhou cinco pontos que devem receber maior atenção e, claro, as merecidas melhorias.
O vaivém, principalmente nesta época do ano, é visível a qualquer hora na rodoviária. São quatro portões que dão acesso à área de embarque. No entanto, na manhã desta quarta-feira, apenas um fiscal checava a entrada de passageiros. Hoje, dá para afirmar que, para esperar pelo ônibus, qualquer pessoa pode passar para a área de embarque, seja passageiro ou não.
O sistema preocupou o novo diretor-presidente do Instituto de Trânsito e Transporte (Ittran) – responsável pela administração do terminal -, Herto de Alencar Santana. Ele esteve na rodoviária para uma vistoria e constatou que é preciso mudanças.
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– Quando o novo sistema foi instalado, em agosto de 2011, a ideia era muito boa. Ainda é. Mas só se você tiver uma quantidade eficiente de fiscais. Na época, com o pouco número, acabou gerando filas para entrar na área, e isso trouxe descontentamento. Precisamos de um sistema que possa fiscalizar e que seja rápido o suficiente – explicou Herto.
Uma das possíveis ações, a mais fácil, seria aumentar o número de fiscais de plataforma. Hoje, são seis que atuam.
– Seria ótimo ter 20 fiscais e dez portões – comentou o diretor.
O Ittran também começa a estudar uma proposta de um sistema de código de barras, como é utilizado em área de embarque de aeroportos.
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– Isso poderia trazer benefícios em mais áreas. Com o repasse automático, o fiscal poderia fazer de fato sua função, que é fiscalizar o embarque, ficar de olho nas bagagens. Mas são ideias que ainda estamos estudando, não temos valores para a implantação – lembrou Herto.
Ainda nesta semana, o diretor-presidente vai se reunir com a Polícia Militar, para conversar sobre a vigilância do terminal rodoviário, principalmente em dias de mais movimento. ??
Pontos de atenção
1) Embarque tumultuado
O aposentado de Curitiba Bruno Simoni, 56 anos, passa por Joinville toda vez que vai para Balneário Barra do Sul pescar ou quando segue para Balneário Camboriú. E apesar de não ser um usuário assíduo da rodoviária, percebe facilmente que é preciso melhorias.
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– O terminal não é ruim, só precisa de mais organização. Poderia ser como em São Paulo. Só entra na área de embarque quem for pegar ônibus. Do jeito que está, ficamos inseguros até com as nossas bagagens – observou.
Em agosto de 2011, a Prefeitura tentou impor a entrada somente de passageiros que apresentassem o bilhete de passagem. Foram colocadas, inclusive, grades para restringir o acesso. Mas a medida não funcionou como deveria, por falta de fiscais. ?
2) Reformas pontuais
Na manhã desta quarta-feira, quem passou pela rodoviária, perto do acesso ao segundo andar, pode encontrar um cone em cima de uma das caixas de energia no chão. O objeto avisava que a caixa estava quebrada e poderia machucar alguma pessoa.
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Trabalhadores do terminal chegaram a colocar também uma pedra para não deixar a estrutura levantada. Na área de embarque dos táxis há o desconforto em dias de chuvas: mesmo com duas bocas de lobo, o local sempre alaga, fazendo com o que o passageiro tenha que botar o pé na água para entrar no carro.
De acordo com diretor-presidente do Ittran, os contratos da autarquia estão sendo todos revistos.
– Estamos revisando de tal forma, que podemos dar agilidade às coisas pequenas. Queremos contratos que favoreçam vários pontos, como rodoviária, parques, praças – explicou Herto, que tem experiência com trabalhos de manutenção na rede privada.
3) Banheiros precários
O ponto mais crítico do terminal, sem sombras de dúvidas, são os banheiros – feminino e masculinos. já na área de embarque é possível sentir o mau cheiro.
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– Uma limpeza frequente até adiantaria, mas precisa de uma reforma. Não tem saboneteiras funcionando, tem pias interditadas. Por ser Joinville, acho que poderia ter coisa melhor – observou a auxiliar de produção Josiane Cristina Charoto, 27.
No banheiro masculino ainda há mictórios quebrados. De acordo com o diretor-presidente do Ittran, as melhorias são urgentes.
– Estamos fazendo um trabalho forte no Parque da Cidade, em relação aos banheiros. Em seguida queremos cuidar da rodoviária. Estamos correndo atrás para fazer as reformas e revendo contratos – avisou Herto. ?
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4) Uma limpeza faria bem
Tente não olhar para o alto quando estiver na rodoviária de Joinville. A cobertura e a parte mais alta das paredes estão cheias de teias de aranha e de muito pó. Além da ferrugem na estrutura que também prejudica o cenário.
– Tem muita gente de fora que vem para cá e comenta que a rodoviária é muito feia para a maior cidade do Estado – disse um dos taxistas que atua no terminal.
Na área externa, o mato também começa a crescer no gramado. Os reparos serão feitos assim que os contratos forem revisados. ?
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5) Praça de alimentação
Atualmente, quatro lanchonetes funcionam no segundo andar do terminal. Elas ficam uma ao lado da outra e oferecem opções de alimentos e bebidas muito parecidas. Em geral, são salgados, doces e sanduíches naturais.
A aposentada Marlene da Maia, 65, que usa pelo menos cinco vezes por ano a rodoviária para viajar para Tubarão, acredita que poderiam ter mais variedades de coisas para comer.
– E um banco mais fofinho seria bom, principalmente nesta época, que os ônibus atrasam mais – brincou a mulher.
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O Ittran também pretende avaliar a situação das lanchonetes nos próximos dias. ??
Nota 10
Em termos de acessibilidade e de preocupação com o lixo reciclável, a rodoviária ganha nota máxima. Para o segundo andar há acesso para cadeirantes e por escada – as duas têm corrimão.
O acesso também é facilitado na saída do estacionamento. O banheiro para deficientes físicos poderia ser melhor. Mas a reforma deve sair do papel em poucos dias. Também há lixeiras para material reciclável espalhadas ao longo do terminal. Basta o usuário respeitar.