A obra era colossal para a Florianópolis de 1981. A construção da Rodoviária Rita Maria foi um marco, principalmente pela imponência de seu telhado. Para erguer cada um dos 144 blocos de concreto de 24 toneladas, precisou ser trazido um guindaste da Alemanha. Agora, passados um mês do início da primeira reforma, é possível perceber como também é complexa a recuperação da cobertura. Será necessário um ano para ser concluída.

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Para por fim as infiltrações, que resultam em desconforto aos usuários por causa das goteiras, será colocada duas mantas de impermeabilização sobre toda a área de 15,7 mil m² do telhado em concreto armado, o que não era comum instalar na época da construção da rodoviária. Mas antes, os blocos de concreto estão sendo lavados com jato de água. Parece algo simples, mas um mês após o início dos trabalhos, foi possível limpar um terço da área. Também estão sendo reparadas as rachaduras e recuperadas as ferragens corroídas por conta da maresia.

Como a ideia não é interditar a rodoviária para os trabalhos, a obra foi dividida em oito porções. Segundo o fiscal da Secretaria de Infraestrutura, Ivan Amaral, em cada etapa, será isolada um trecho dos arredores do prédio, com o escoramento de bandeja de proteção e tapumes para dar segurança aos funcionários e impedir a queda de detritos. Desta vez, das 22 plataformas de embarque, oito das que ficam próximo ao posto das polícias Civil e Militar estão sendo fechadas até a próxima semana.

De acordo com o gerente do terminal, Marcel Amin Vieira da Costa, o contrato prevê também o reparo no subsolo da estação de ônibus. O custo total é de R$5,5 milhões. Uma média de 15 funcionários trabalham na obra executada pela Construtora Progredior, de São Paulo, com filial há 12 anos em Florianópolis. A empresa é a mesma que construiu o Complexo Esportivo Aquático da Unisul.

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As medidas emergenciais no telhado e no subsolo foram constatadas por uma análise realizada desde o ano passado pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra). O prédio recebeu apenas uma reforma, no governo Pedro Ivo Campos no final da década de 1980. Mas a cobertura nunca passou por uma grande restauração, apenas reparos emergenciais.

O problema da falta de manutenção chamou a atenção em janeiro de 2012, quando uma canaleta se soltou do telhado do Terminal e assustou passageiros. O promotor de Justiça, Daniel Paladino, chegou a instaurar ação civil pública exigindo a reforma. Mas esse não foi o único episódio que mostra a deterioração do edifício. Em 2010, o prédio chegou a ser declarado em estado de emergência, por queda dos pedaços de telhas e goteiras.

O Departamento de Transportes e Terminais (Deter), órgão responsável pela rodoviária, espera lançar a licitação do projeto preventivo contra incêndio em 20 dias. Neste ano, também está previsto cercar o estacionamento A.

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São 32 anos de história

A rodoviária Rita Maria, nome dado em homenagem a uma benzedeira das imediações, é cercado de histórias que mostram as mudanças de Florianópolis. A inauguração foi em 7 de setembro de 1981 e contou com um show da Fafá de Belém, em um dos períodos de maior sucesso da cantora.

A escolha do projeto arquitetônico foi feito por um concurso internacional, vencido pelos uruguaios Enrique Brena e Yamandu Carlevaro, referências em concreto pré-fabricado e argamassas. Um dos maiores arquitetos de Florianópolis, o ex-professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Tuing Ching Chang foi o responsável pelo cálculo estrutural da obra construída com concreto aparente, vidro e argamassa.

Na década de 1981, não havia shopping na cidade. Um dos pontos de encontro era o terminal. O funcionário do Deter Eder Ferreira, que trabalhou por 30 anos na rodoviária, lembra do restaurante chamado Degraus, que era localizado no piso superior, onde hoje é o Espaço Cultural. Lá a juventude ia tomar sopa e fazer festa à noite. Hoje o segundo andar está quase vazio. Onde existiam 17 lojas, agora têm apenas cinco.

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– O pessoal ia namorar, passear no Rita Maria. A gente até tinha que fiscalizar para ver se não tinha casais pelos cantos.O conforto também era melhor. Quando foi inaugurado tinha ar condicionado, que parou de funcionar dois anos depois, e mais de 150 carrinhos para levar as bagagens. A maioria foi furtado – diz Ferreira.

O ex-gerente Nildo Nazareno Teixeira também conta que na época da inauguração o terminal era considerado superdimensionado. Nessa época, havia uma população três vezes menor em Florianópolis do que a atual, que chega a 421 mil habitantes em Florianópolis, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

– Pela quantidade de pessoas que tinha na Capital, era um elefante branco. Hoje está na proporção adequada – observa.

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