Movimento intenso de pedestres, ciclistas no acostamento, caminhões entrando e saindo, filas nos horários de pico, movimentação de área urbana de três cidades. Com este cenário, a Rodovia Jorge Lacerda (SC-470), entre Blumenau e Itajaí, tinha tudo para ser um dos pontos com mais acidentes e mortes no trânsito de Santa Catarina. Mas, na prática, a situação é diferente. Há quatro meses a rodovia não registra acidentes fatais nos 40 quilômetros de extensão. O recorde foram 380 dias.

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A placa em frente ao posto de Gaspar da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), sexta-feira, sentenciava: 124 dias sem mortes. A última ocorreu no dia 14 de novembro de 2010, quando um ciclista foi atropelado próximo ao km 0, junto ao trevo que dá acesso à BR-101. A partir disso, apenas acidentes com pessoas feridas e danos materiais foram atendidos por polícia rodoviária, Corpo de Bombeiros e Guarda de Trânsito de Gaspar.

– Este longo tempo sem mortes na Jorge Lacerda se deve a abordagens e fiscalizações que temos feito, principalmente entre os quilômetros 0 e 28 – defende o comandante do posto da Polícia Rodoviária em Gaspar, sargento Ismael da Silva Amaral.

De acordo com o especialista em trânsito e consultor em trânsito e fiscalização eletrônica, Ricardo Bondan, dois pontos são importantes:

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– O primeiro é a grande área urbana que envolve a rodovia e não possibilita grandes velocidades. Depois, temos uma questão sazonal, já que nesta época do ano é possível ver com frequência a presença da polícia no trecho fazendo fiscalização.

Bondan ainda destaca que a iluminação é um dos pontos fortes da via, mas que a sinalização, principalmente na área urbana, precisa ser melhorada. Para Amaral, a imprudência dos condutores é a principal causa de acidentes fatais. O trecho onde ocorreu a morte em novembro é o de maior preocupação da polícia. Isto porque, o alto número de pessoas que transitam pelo acostamento aumenta o risco de colisões graves. Ciclistas, pedestres e veículos dividem o espaço nos horários de pico.

– Para nós, que andamos de bicicleta, seria necessário um acostamento maior, pois temos de conviver com os veículos que passam perto – argumenta Dalmo Souza, que usa o caminho entre o trevo da BR-101 e o Km 1 todos os dias para ir e voltar do trabalho.

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O sargento Amaral, o que falta no local é um alargamento da pista que permita aos motoristas entrar na BR-101 sentido Sul sem usar o acostamento. Para o coordenador de postos Irmãos Dalçoquio, que fica próximo ao trevo com a rodovia, Antônio de Pádua, o movimento que se forma BR é um dos pontos que contribuem para este período sem mortes:

– Com os carros andando lentamente por causa do alto fluxo de veículos, fica mais difícil ter acidente – argumenta, alertando também que a entrada e saída de caminhões no local e o movimento de pessoas já causaram diversas colisões no local.